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Descrição de chapéu Moda

Estilista Augusto Paz lança a primeira coleção, inspirada em quem iria no seu funeral

Designer de 32 anos desenvolve roupas femininas sob medida para ocasiões especiais, como casamentos no civil e festas

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São Paulo

Como as pessoas iriam vestidas ao seu funeral? Esta é a pergunta que o estilista Augusto Paz, de 32 anos, tenta responder com a sua primeira coleção.

"Se vistam à altura da ocasião. Nada de camiseta de vereador e, se chover, não levem sombrinha com o arame apontando para fora", ele diz, aos risos, ao imaginar o seu próprio velório.

Modelo veste look da coleção de estreia de Augusto Paz - Divulgação

É uma tarde ensolarada e os modelitos que Paz preparou para seu primeiro desfile, intitulado "Aqui jaz Augusto Paz", estão dentro de capas protetoras, espalhados sobre os sofás e bancos de seu apartamento em São Paulo.

Paz criou as roupas, todas femininas, tendo em mente personagens que estariam ao redor de seu caixão —uma mulher faria a leitura do inventário, a outra iria atrás de marido, e uma terceira estaria completamente desinteressada.

É uma coleção, ele diz, para "tentar fazer piada com uma coisa que é irremediável". Mas também trata-se de uma homenagem à uma amiga que morreu de forma repentina, pouco depois de receber o diagnóstico de leucemia.

Paz só faz roupas sob medida, e seu foco são as ocasiões especiais, como funerais, casamentos e festas. Sim, os looks são meio dramáticos —especialmente os em vermelho— e alguns têm uma pitada de humor.

Por exemplo, num vestido salmão ele bordou em pedraria preta o dizer "antes muerta que sencilla", antes morta do que básica. A frase virou um bordão nos países de língua espanhola depois de ser cantada por uma garota de nove anos que venceu o concurso Eurovision para crianças, em 2009.

Em outro vestido, num vermelho escarlate que poderia vestir uma personagem de Almodóvar, o bordado em pedraria aparece em formato de ferro de passar, como se ele tivesse sido esquecido sobre a roupa, deixando uma marca. O aplique, feito a partir do trabalho do artista Guilherme Borsatto, faz rir mas é meio ingênuo.

Talvez seja isso o que o estilista quer. "Todo mundo tem uma tia bem vestida, penteada, perfumada, com bijus, mas aí ela está com batom no dente. Acho isso fantástico, muito poético. Acho legal quando a gente dá risada da gente mesmo."

Seu desenho não é nada básico, à exceção, talvez, de uma camisa branca. As peças têm volume, tamanhos levemente exagerados, grandes apliques de crisântemos em crochê e um detalhe que ele adora —os zíperes aparentes. Há diversas peças feitas em cetim e veludo.

Paz conta ter aprendido a costurar com sua avó, aos oito anos. Ela era uma "crocheteira furiosa", ele lembra, capaz de tricotar roupas enquanto via a novela sem olhar para o ponto que estava dando. O então garoto tomou gosto e, mais tarde, estudou modelagem industrial e se formou em moda.

Conforme seu interesse na área crescia, ele diz ter descoberto que a "roupa tem um poder transformador na cabeça da gente —e é um pouco do que eu quero fazer com as minhas clientes".

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