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Bolsa brasileira cai 1,5% com atrito entre Marinho e Guedes e queda do petróleo

Juros futuros disparam com risco fiscal e contrato de 5 anos se aproxima de 7%

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São Paulo

A Bolsa brasileira não resistiu à queda dos índices globais com o diagnóstico de coronavírus do presidente americano Donald Trump e acompanhou a tendência após operar em alta pela manhã.

O Ibovespa fechou com desvalorização de 1,5%, a 94.015 pontos, após críticas entre os ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Paulo Guedes (Economia) e queda de 4% no preço do petróleo.

Painel com oscilações do mercado na B3; Ibovespa acumulou queda de 3% na semana, a pior desde maio - REUTERS/Paulo Whitaker

Pela manhã, em evento fechado a analistas e economistas em São Paulo, Marinho disse que o programa Renda Brasil, possível substituto do Bolsa Família, vai sair, resta saber se será da melhor maneira ou da pior —o que foi interpretado como uma disposição do governo de violar a regra do teto de gastos.

Ao tomar conhecimentos dos comentários, Guedes rebateu as críticas, chamando o colega de despreparado, desleal e fura-teto.

Investidores temem o financiamento do programa fora do teto de gastos e sem cortes em outras áreas, o que pioraria a situação fiscal do país.

O aumento do risco fiscal levou os juros futuros a uma nova sessão de forte alta. O juro para janeiro de 2025 saltou 4,4%, de 6,5% para 6,8%. Na segunda (28), com o anúncio do Renda Cidadã e da proposta de financiá-lo com recursos de precatórios e do Fundeb (fundo para educação básica), o juro para janeiro de 2025 saltou 6,3%.

Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos com base na evolução dos indicadores econômicos atuais. Eles são a principal referência para as taxas de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.

O dólar fechou em leve alta de 0,2%, a R$ 5,66, maior valor desde 5 de maio. O turismo está a R$ 5,81. Na semana, marcada pela preocupação fiscal, a moeda acumulou alta de 1,9%.

Já o Ibovespa caiu 3% na semana, a pior desde maio.

"O movimento foi provocado pela crescente aposta de aumento de juros no começo do ano que vem e mostra todo esse receio do mercado. O investidor parece que não quer 'dormir comprado' diante deste risco", afirma Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Neste pregão, ao índice foi puxado por Petrobras. As ações preferenciais (mais negociadas) da estatal caíram 4,2%, a R$ 19,02 e as ordinárias (com direito a voto), 3,9% a R$ 19,18.

A queda seguiu a desvalorização dos preços internacionais de petróleo. O barril de Brent (referência internacional) recuou 4%, a US$ 39,27 (R$ 222,38), menor valor desde 28 de maio.

O preço da matéria-prima é pressionado pela incerteza dos mercados nesta sexta e um aumento na produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em setembro. Além disso, analistas veem uma menor demanda com o avanço do coronavírus na Europa. Nesta sexta, Madri, capital da Espanha, e nove regiões vizinhas voltaram a um lockdown parcial.

A notícia de que o Trump está com Covid-19, e entrou em quarentena a 32 dias da eleição americana, também impactou as principais Bolsas globais.

Investidores se preocupam com o rumo da campanha de Trump contra o democrata Joe Biden, o que levou a Nasdaq, Bolsa de tecnologia dos EUA, a cair 2,2% e Dow Jones, 0,5%. S&P 500 teve queda de 1%.

“O fato só adicionou para a elevada incerteza em torno das eleições, já que a doença poderá debilitar a campanha de reeleição do presidente por, no mínimo, mais 10 dias. Atualmente, Trump tenta ganhar terreno nas pesquisas, onde Biden tem sustentado liderança confortável até o momento”, escreveu a equipe da Guide Investimentos em relatório.

O mercado também repercutiu a falta de acordo entre os partidos americanos por um novo pacote de estímulo econômico, o que levou as lideranças democratas a aprovarem um plano próprio de US$ 2,2 trilhões (R$ 12,4 trilhões) na Câmara, que deve ser rejetado por republicanos no Senado. Além disso, com o recesso do Congresso com as eleições, um potencial acordo pela aprovação pode não ser finalizado ainda este mês.

A Bolsa de Tóquio caiu 0,7% e a da Austrália, 1,4%. Os mercados chineses permaneceram fechados devido a feriado local.

Na Europa, a Bolsa de Frankfurt caiu 0,3%, Paris fechou estável e Londres subiu 0,4%. O índice Stoxx 600, que reúne as principais empresas da região, teve alta de 0,25%.

Na Bolsa brasileira, os bancos foram o destaque positivo e conseguiram segurar a alta do Ibovespa por algumas horas durante o pregão. O setor se valorizou após o Banco Central estender a vigência da alíquota temporária de 17% do compulsório sobre recursos a prazo, prevista para vigorar inicialmente até dezembro de 2020, para abril de 2021, e reduzir a alíquota a partir de abril de 2021, de 25% para 20%.

Além disso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou medida provisória que amplia a margem de crédito consignado para beneficiários do INSS, de 35% para 40%.

Com as mudanças favoráveis ao setor, Santander subiu 1,8%, a R$ 28,40, maior alta do Ibovespa. As ações preferenciais (mais negociadas) do Bradesco tiveram alta de 0,7%, a R$ 19,64. Itaú subiu 0,3%, a R$ 22,59.

Na outra ponta do índice Azul caiu 5,5%, a R$ 24,27, e CVC 5,3%, a R$ 14,88, com o aumento de casos de coronavírus na Europa.

Já o Magazine Luiza caiu 4,2%, a R$ 88,05, depois que a empresa anunciou conclusão de compra da transportadora GFL Logística.

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