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WhatsApp lança serviço de transferência em parceria com grandes bancos

Um ano após a tentativa frustrada de entrar no mercado, app anuncia função semelhante ao Pix junto a Bradesco, BB e Itaú

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São Paulo

Após nove meses de negociação com o Banco Central, o WhastApp lançou nesta terça (4) um serviço de transferência bancária gratuita entre usuários no Brasil. Quase um ano após a tentativa frustrada de lançamento, o recurso estreia com a parceria de 3 dos 5 maiores bancos do país: Itaú, Bradesco e Banco do Brasil.

Não entraram na leva Santander e Caixa Econômica Federal.

​A opção começa a ser disponibilizada gradualmente nas próximas semanas. O Brasil é o segundo maior mercado do app de mensagens no mundo, com mais de 120 milhões de pessoas, atrás apenas da Índia, que tem 400 milhões.

Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook, anuncia serviço de transferência entre usuários do aplicativo, que tem mais de 120 milhões de pessoas no país - Divulgação/Facebook

Usuários que tiverem cartões de débito, pré-pago ou combo das instituições Banco do Brasil, Banco Inter, Bradesco, Itaú, Mercado Pago, Next, Nubank, Sicredi e Woop Sicredi, com as bandeiras Visa e Mastercard, poderão transacionar dinheiro pela plataforma. O processo é todo feito no aplicativo e é isento de taxas.

A operação das transações é feita pela Cielo, que é fornecedora do Facebook. Cartões de crédito não são válidos.

Em junho, o WhatsApp anunciou o serviço e uma opção de pagamentos para empresas. Na época, o BC vetou os dois tipos de operação.

Na primeira tentativa, o sistema contava com as bandeiras Visa e Mastercard, a Cielo como operadora e as instituições BB, Nubank e Sicredi.

Poucos dias depois, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e o BC suspenderam o acordo entre a empresa e as instituições financeiras, alegando dúvidas sobre a natureza do serviço e solicitando esclarecimentos sobre o modelo de negócios.

Houve especulação no mercado de que o BC teria acatado uma reclamação dos grandes bancos privados sobre a solução e, ainda, barrado o serviço para proteger o Pix, sistema de pagamentos instantâneos da autoridade monetária que foi lançado depois, em novembro de 2020. Na época, a autoridade monetária negou.

Em março deste ano, a instituição incluiu o Facebook, dono da plataforma, na categoria de iniciador de transações de pagamentos, uma espécie de instituição de pagamentos, o que permite o repasse de dinheiro entre CPFs.

O pagamento a empresas, como o pagamento de compras, que tem potencial direto de ganhos ao WhatsApp (prevê uma taxa de 3,99% por transação), ainda não foi aprovado. “A companhia continua trabalhando com o BC para disponibilizar pagamentos para empresas”, diz o WhatsApp.

O Brasil é o segundo país a ter o recurso de transferências —o primeiro foi a Índia. Em vídeo, Mark Zuckerberg, presidente-executivo da gigante de tecnologia, diz que “pagamentos digitais são muito importantes neste momento”, mais seguros que dinheiro vivo e dispensam filas de banco.

“Este é um dos primeiros países do mundo a ter pagamentos no WhatsApp. Isso porque sabemos o quanto o WhatsApp é importante para o Brasil”, afirma.

O sistema funciona a partir do Facebook Pay, modelo que integra as informações de pagamentos de WhatsApp, Facebook e Instagram, que pertencem à companhia. Segundo Zuckerberg, é um “método simples e seguro de enviar dinheiro numa conversa”.

Os representantes dos bancos parceiros destacam que a opção serve como uma praticidade a seus clientes, que terão outra forma de transferir sem pagar taxas, o que se tornou viável desde o lançamento do Pix, em novembro, que logo se popularizou.

A Folha apurou que as bandeiras construíram uma estrutura de custo diferente e que os bancos envolvidos em cada transação recebem uma taxa de intercâmbio.

Segundo Marcos Valério diretor do Bradesco Cartões, o serviço “acelera o processo de digitalização democrática dos meios de pagamento”.

Já para João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard no país, “até 2030, 55% dos brasileiros esperam que todas as transações sejam realizadas em tempo real”.

Por enquanto, o WhatsApp não pretende ganhar dinheiro direto com a operação, disse Matthew Idema, diretor de operações do WhatsApp.

“Pagamos uma taxa pequena para as bandeias de cartão de crédito, mas a ideia não é gerar lucro com esse serviço. Há anos pesquisas mostram que as pessoas querem mandar dinheiro para famílias e amigos, e não queremos incluir taxas que dificultem esse processo”, afirma Idema.

A longo prazo, o Facebook se beneficia por ter entrado cedo nesse mercado enquanto ainda detém, de longe, o aplicativo de mensagens mais usado entre os brasileiros. Para Yasodara Córdova, pesquisadora de internet na Kennedy School, em Harvard, esse modelo enforca a competição antes mesmo de ela começar.

“A vantagem competitiva do WhatsApp é uma base de dados gigante sobre o que as pessoas fazem —mesmo que não seja possível ler as mensagens. Com Facebook, WhatsApp e Instagram, criam um monopólio de dados que dificilmente abrirão a competidores.”

O WhatsApp é um dos poucos serviços incorporados gratuitamente em planos de operadoras de celular.

Os cartões de débito movimentaram R$ 762,4 bilhões no Brasil em 2020, segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), alta de 14,8% ante o ano anterior.

Segundo o Sicredi, 5 milhões de associados poderão utilizar a funcionalidade. O BB afirma que 23,3 milhões de cartões de clientes têm o débito ativado. No Nubank, são 29,5 milhões com cartão combo, e, no Inter, 10 milhões. Itaú e Bradesco não abriram os números.

Em termos de segurança, a transferência no Facebook Pay exige uma senha de seis dígitos ou a biometria. O serviço é disponibilizado na versão mais recente do WhatsApp.

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