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Mais velhos recuperam emprego mais rápido nos EUA, mas isso nem sempre é boa notícia

Quase 64% dos adultos de 55 a 64 anos estavam trabalhando em abril, mesma taxa pré-pandemia

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Ben Casselman
Nova York | The New York Times

Quando Kim Williams e milhões de outros americanos mais velhos perderam seus empregos no início da pandemia de coronavírus, os economistas se perguntaram quantos voltariam a trabalhar e como essa perda pesaria na economia no futuro.

Williams, 62, também se perguntou, especialmente quando ela lutou durante meses para encontrar trabalho. Mas em janeiro ela começou num novo emprego em um escritório da Associação Automobilística Americana perto de sua casa, em Waterbury, no estado de Connecticut.

Kim Williams, 62, perdeu o emprego no início da pandemia, mas voltou a trabalhar recentemente - Desiree Rios - 4.mai.2022/NYT

Seja por escolha ou necessidade financeira, milhões de americanos mais velhos fizeram o mesmo nos últimos meses. Quase 64% dos adultos de 55 a 64 anos estavam trabalhando em abril, essencialmente a mesma taxa de fevereiro de 2020. É uma recuperação mais ampla do que entre a maioria das faixas etárias mais jovens.

A rápida retomada surpreendeu muitos economistas, que pensavam que o medo do vírus –que é muito mais mortal para os idosos– contribuiria para uma onda de aposentadorias precoces, especialmente porque as poupanças de muitas pessoas foram engordadas por anos de ganhos no mercado.

Mas há evidências crescentes de que a narrativa da aposentadoria antecipada foi exagerada.

"O resultado final é que os trabalhadores mais velhos voltaram ao trabalho", disse Alicia Munnell, diretora do Centro de Pesquisa de Aposentadoria do Boston College.

Para muitas pessoas, aposentar-se cedo nunca foi uma opção. Williams passou mais de 25 anos na indústria fabril, trabalhando na Hershey's fazendo chocolates em barra. O trabalho pagava razoavelmente bem e oferecia um plano de aposentadoria e outros benefícios. Mas em 2007 a Hershey's fechou a fábrica, transferindo a produção parcialmente para o México.

Williams, então na casa dos 40 anos, voltou para a escola, obteve um diploma associado em hotelaria e acabou encontrando um emprego como supervisora num hotel local. Mas a posição pagava significativamente menos do que seu emprego na fábrica, e ela usou suas economias da aposentadoria para cobrir despesas médicas e outras contas. Quando foi demitida novamente, em junho de 2020, poucas semanas depois de completar 60 anos, Williams tinha poucas economias.

Williams tentou mudar de carreira novamente, desta vez voltando para a escola para treinar como secretária médica. Mas não conseguiu encontrar trabalho em seu novo campo. Em janeiro, com suas economias acabadas, ela conseguiu um emprego na AAA por US$ 16,50 por hora, US$ 2 a menos do que ganhava na fábrica em 2007, antes de contabilizar a inflação.

"Se eu pudesse ter saído aos 62, teria saído, mas não posso", disse ela. Ela diz que terá de trabalhar pelo menos até que possa começar a receber seu benefício completo da Previdência Social, aos 67 anos.

A inflação mais rápida em décadas aumentou a pressão sobre pessoas de todas as idades para voltarem ao trabalho. Mais recentemente, o mesmo aconteceu com a turbulência nos mercados financeiros, que derrubou as poupanças para a aposentadoria.

Mas mesmo algumas pessoas que poderiam se aposentar estão optando por voltar ao trabalho à medida que a pandemia diminui.

Quando a academia de ginástica onde Jackie Anscher trabalhava como instrutora de spinning em Long Island, Nova York, fechou no início da pandemia, ela perdeu o emprego e parte de sua identidade.

Mas depois de passar o início da pandemia reorganizando sua vida e reavaliando prioridades, Anscher, 60, começou a dar aulas de spin novamente como instrutora substituta em uma academia local e está procurando um emprego mais regular. Seu marido já está aposentado –"ele está me esperando para ir pescar", disse ela–, e o casal poderia pagar para que ela pare de trabalhar. Mas ela não está pronta para pendurar os sapatos de ciclismo.

"Eu gostava do que tinha. Eu amava quem eu era na frente da sala", disse ela. "Para mim, trata-se de me preservar."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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