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Queda da libra é um sinal de retorno à desordem econômica dos anos 1980?

Contexto é semelhante, mas as mazelas da economia britânica são diferentes

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Véronique Dupont Joseph Sotinel
Londres | AFP

O recente colapso da libra esterlina, que caiu para um mínimo histórico em relação ao dólar na segunda-feira (26), significa que o Reino Unido está tão mal quanto estava nos anos 1970 ou 1980, quando a moeda britânica atingiu seu mínimo anterior?

O contexto econômico atual é semelhante ao daquelas décadas, quando o Reino Unido foi apelidado de "o doente da Europa", mas as mazelas atuais da economia britânica são diferentes, e a situação não é exclusiva deste país.

Cédulas de libra e dólar - Dado Ruvic/Reuters

Durante a década de 1970, período de choque energético como o atual, o governo trabalhista britânico optou por apoiar a economia com gastos públicos, o que fez com que a moeda caísse, a inflação aumentasse e as finanças públicas se deteriorassem.

Londres então teve que recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional).

Além disso, agora a inflação também disparou para quase 10% - embora ainda longe dos 20% de 1975 -, as taxas de juros estão subindo, a recessão bate à porta e as contas públicas estão se deteriorando devido ao programa maciço de ajuda às contas de energia lançado pelo novo governo conservador de Liz Truss.

Os mercados foram pegos de surpresa pela combinação de grandes ajudas públicas do governo e cortes generalizados de impostos anunciados pelo ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, na sexta-feira.

Essa combinação é considerada imprudente e arriscada, especialmente porque seu financiamento permanece incerto e teve um efeito revulsivo nos mercados.

Reformas mínimas

Na década de 1980, a política de austeridade da primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher e os grandes cortes fiscais foram acompanhados por reduções drásticas nos gastos públicos e desregulamentação.

Mas enquanto os cortes fiscais anunciados pelo governo Truss "são semelhantes em escala" aos dos primeiros anos de Thatcher, "as reformas são muito menores", afirma Paul Dales, especialista britânico da Capital Economics.

"Comparado com a privatização, a redução do poder sindical e a aceitação do mercado único na década de 1980, áreas prioritárias de investimento e mudanças nos critérios de benefícios sociais são de pouca importância", diz.

Após anos de vacas magras, entre o choque competitivo derivado da entrada na Comunidade Econômica Europeia (CEE) em 1973 e as reformas da era Thatcher, "o mercado britânico tornou-se muito mais competitivo" e a economia foi reativada, explica à AFP Jane Foley, analista do Rabobank.

Em vez disso, agora "o Brexit, a próxima recessão e a inflação disparada deixam um gosto amargo na boca dos investidores", acrescenta.

Apesar de tudo, a limitação da conta de energia terá um efeito tranquilizador sobre a inflação no curto prazo. E, ao contrário da década de 1970, o desemprego está em baixa e até o Reino Unido enfrenta escassez de mão de obra como resultado da pandemia e do Brexit.

Além disso, a situação britânica não está isolada da de outros países europeus, que também enfrentam uma crise energética, deterioração das finanças públicas e aumento das taxas de juros.

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