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Procuradoria pede que Caixa seja investigada por mudanças no consignado do Auxílio após eleições

Ministério Público junto ao TCU apresentou representação nesta quarta; banco destacou 'caráter técnico' e 'regularidade' da modalidade de crédito

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Brasília

O Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) apresentou uma nova representação nesta quarta-feira (30) pedindo que a corte avalie as mudanças promovidas pela Caixa Econômica Federal nos critérios para concessão de empréstimo consignado do Auxílio Brasil após as eleições.

O documento solicita também que, se confirmados os indícios de que a liberação de crédito tenha sido usada pelo banco com finalidade eleitoral, seja apurada a responsabilização dos envolvidos. O texto cita em especial a presidente da Caixa, Daniella Marques, e o "suposto envolvimento" do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O pedido foi feito pelo subprocurador-geral Lucas Furtado, que assina o documento. Foi requisitado ainda o envio de uma cópia da representação ao MPF (Ministério Público Federal) e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Em nota, a Caixa disse reiterar o "caráter técnico, bem como a regularidade do consignado no Auxílio Brasil". "O banco destaca que a operação de crédito foi criada por lei e que a área técnica do TCU acompanha o caso desde o mês de outubro, sem ter identificado qualquer irregularidade promovida pela Caixa", acrescentou.

Fila em agência da Caixa Econômica Federal na zona leste de São Paulo, em dia de pagamento do Auxílio Brasil - Rivaldo Gomes - 11.out.22/Folhapress

O subprocurador cita reportagem publicada pela Folha, que mostrou que a Caixa passou a limitar a oferta de suas linhas de crédito depois de ter atingido os limites orçamentários para o ano e mudou a análise de renda para empréstimos do consignado do Auxílio Brasil.

Em novembro, o banco passou a liberar menos dinheiro nas concessões aos beneficiários do programa social, limitando o comprometimento da renda a 20%, ante 40% –teto permitido por lei e montante padrão antes das eleições.

A carteira total de crédito já somaria R$ 994 bilhões e ainda pode ultrapassar R$ 1 trilhão neste ano, enquanto o banco deveria ter emprestado R$ 892 bilhões para seguir os limites de liquidez.

A alta procura pelo consignado do Auxílio Brasil colaborou para o patamar alcançado. Segundo documento elaborado por um comitê formado por funcionários, empregados aposentados e ex-dirigentes da instituição e entregue ao governo eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Caixa concedeu, até 1º de novembro, R$ 7,5 bilhões em mais de 2,8 milhões de empréstimos nessa modalidade de crédito.

Segundo a Caixa, a concessão de crédito obedece a "critérios internos de governança, com base no contexto de mercado, no monitoramento de seus produtos e nas estratégias do banco."

Na representação, o subprocurador escreveu que "a mudança de postura da Caixa apenas reafirma o caráter eleitoreiro da medida adotada pela Caixa Econômica Federal para a concessão de empréstimos consignados aos beneficiários do Auxílio Brasil".

"Por que uma mudança tão brusca após a derrota do candidato Jair Bolsonaro às eleições? O que mudou no período das eleições e o período em que saiu derrotado? Os fatos falam por si! Não há como negar que os indícios se escancaram aos olhos da sociedade e desse Tribunal de Contas não merecendo, mais uma vez, o arquivamento", continuou.

No início de novembro, o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Aroldo Cedraz negou um pedido do Ministério Público para que a Caixa deixasse de fazer novos empréstimos consignados para os beneficiários do Auxílio Brasil.

O pedido havia sido feito por Furtado antes do segundo turno das eleições. O subprocurador também havia solicitado avaliação dos critérios adotados pelo banco público para a concessão, com o objetivo de impedir a sua utilização com finalidade meramente eleitoral.

Cedraz determinou o arquivamento dos autos, afirmando que as informações apresentadas pela Caixa no processo "afastaram por completo a suposta irregularidade quanto à não-observância de procedimentos operacionais ou de análises de risco essenciais e prévios à decisão de ofertar o empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil".

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