Siga a folha

Descrição de chapéu inflação juros

'BC dos BCs' alerta que corte nos juros pode ser adiado pela inflação de serviços persistente

Analistas já esperam que eventual redução nos EUA só ocorra em junho; previsão anterior era maio

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Aiden Reiter
Londres | Financial Times

O BIS (Banco de Compensações Internacionais, o "Banco Central dos Bancos Centrais") indicou nesta segunda-feira (4) que a taxa de juros em todo o mundo pode ser mantida em virtude da inflação de serviços, que deve permanecer alta durante todo o ano.

A previsão era que alguns países passassem a reduzir os juros ainda neste primeiro semestre, mas analistas já apontam que um eventual corte nos EUA só deve ocorrer em junho, enquanto na União Europeia a expectativa foi adiada para o segundo semestre. No início do ano, a previsão era que a taxa já seria reduzida a partir de março.

De acordo com um relatório do BIS, os preços no setor de serviços, que é baseado em mão de obra e mais sensível a movimentos nos salários, provavelmente permanecerão altos em economias avançadas e emergentes por mais tempo do que o esperado devido aos mercados de trabalho apertados.

Inflação de serviços deve permanecer em patamar alto e adiar redução dos juros nos EUA, União Europeia e Reino Unido - Dado Ruvic/Reuters

Se os preços dos serviços aumentarem ainda mais, o relatório aponta que a elevação da inflação poderia levar a política monetária a permanecer mais apertada por mais tempo.

O crescimento persistente dos preços do setor tem se mostrado um obstáculo para vencer a "reta final" da corrida contra a inflação, à medida que os BCs do mundo se aproximam de uma taxa geral de crescimento de preços onde poderiam começar a fazer cortes.

"O fato é que os preços dos serviços tendem a ser mais rígidos", afirmou Hyun Song Shin, conselheiro econômico e chefe de pesquisa do BIS. "Se os preços dos serviços alcançassem sua tendência anterior, isso poderia tornar essa rigidez ainda mais severa, adiando ainda mais os cortes nas taxas de juros."

Os preços dos serviços permaneceram altos mesmo com a queda nos custos de alimentos e energia na zona do euro e em outras grandes economias desde a invasão da Rússia à Ucrânia e o levantamento das restrições da Covid-19 desencadearam o maior aumento nos preços ao consumidor em uma geração.

A taxa de crescimento dos preços dos serviços subiu para 6,5% no Reino Unido em janeiro e diminuiu a um ritmo mais lento do que a inflação geral nos EUA em janeiro e na zona do euro em fevereiro. A inflação subjacente, que exclui os custos de alimentos e energia, caiu ou permaneceu a mesma nessas três economias no mesmo período.

"Nas fases iniciais da [mais recente alta] da inflação, os salários subiram, mas não tanto quanto a inflação geral. Agora há um efeito de recuperação em que os salários continuam a subir à medida que outros preços estão em uma alta mais moderada", disse Mark Gertler, professor de economia na Universidade de Nova York.

Os formuladores de políticas monetárias têm apontado as pressões salariais e a consequente inflação persistente de serviços como um grande desafio para aproximar o crescimento geral de preços de suas metas.

"A expectativa é que o crescimento dos salários se torne um motor cada vez mais importante da dinâmica da inflação nos próximos trimestres", avaliou a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, em um discurso ao Parlamento Europeu na semana passada.

Sede do BIS (Banco de Compensações Internacionais), considerado o Banco Central dos bancos centrais - Arnd Wiegmann/Reuters

Alguns economistas alertaram que a inflação de serviços tem sido ainda mais sustentada pela demanda do consumidor por serviços inesperadamente alta e, portanto, pode levar mais tempo para responder às pressões desinflacionárias.

"A retomada dos gastos está em curso", afirmou Kevin Loane, economista-chefe dos EUA na Fathom Consulting, referindo-se à demanda resiliente por serviços apesar das altas taxas de juros. "Devido à acumulação de poupanças na Europa e aos maiores rendimentos nos EUA, não estamos vendo um grande impacto na demanda por serviços."

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas