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Transmissão ao vivo de ataque na Nova Zelândia amplia cerco ao Facebook

Plataformas correm para suprimir vídeo, mas retornam as cobranças de regulação

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São Paulo

Os massacres se dão agora na Nova Zelândia ou no Brasil, mas o epicentro dos discursos de ódio e dos meios de propagação estão nos EUA, onde avançaram sem controle do estado.

Facebook e YouTube (Google) correram para apagar os horrores do vídeo da mesquita em suas plataformas, mas com pouco efeito, por terem resistido à criação de estruturas capazes de identificar e editar conteúdo na velocidade necessária.

Até hoje, não se consideram mídia, não aceitam a responsabilidade jornalística sobre o conteúdo postado por usuários, ainda que sejam assassinos.​

Cena do vídeo do ataque mostra arma usada no ataque à mesquita na Nova Zelândia - Reprodução/Facebook/AFP

No caso do Facebook, através do qual o atirador transmitiu ao vivo os 17 minutos de seu programa na Nova Zelândia, para todo o mundo, o fundador e presidente Mark Zuckerberg ainda se manifesta declaradamente contra filtros de segurança.

“Nós não examinamos o que as pessoas falam antes que elas falem”, escrevia ele há pouco mais de um ano, “e francamente eu não acredito que a sociedade queira que nós o façamos”.

A plataforma anunciou agora, sobre o massacre na Nova Zelândia, que passou a suprimir até as mensagens de “elogio ou apoio”.

E apareceram do nada, na tarde desta sexta (15), vazamentos de “funcionários seniores” sobre as ferramentas que suas “dezenas de moderadores de conteúdo” usam para conter a propagação no Facebook Live, que seria, ainda assim, “difícil”.

O Live contaria inclusive com Equipe de Resposta Policial, LERT na sigla original. Poucas horas após a transmissão, porém, ouviam-se vozes de políticos cobrando, menos nos EUA e mais no resto do mundo, regulação do Vale do Silício.

Cobra-se, antes de mais nada, alguma forma de evitar que a facilidade da transmissão acabe estimulando ataques semelhantes.

No caso, o assassino chegou a anunciar antes a transmissão via 8chan, fórum de mensagens por imagem também sediado nos EUA, e garantiu audiência depois com estratégias inusitadas, como utilizar no vídeo a frase “Lembrem-se, rapazes, inscrevam-se no PewDiePie”.

PewDiePie é o canal de YouTube com maior número de inscritos e, há meses, está perto de ser ultrapassado pelo T-Series, disputa que gerou campanha online com a frase usada agora pelo assassino. Com isso o próprio PewDiePie se viu obrigado a rejeitar a associação —o que levou a mais visualizações do vídeo no YouTube.

O foco das críticas está sobre as plataformas americanas, inclusive o Reddit, site que mantinha um fórum de discussão chamado “watchpeopledie” (assista pessoas morrerem), explorando o vídeo, e que ao bloqueá-lo reclamou da “censura”.

Mas também o jornalismo se aventurou na retransmissão das imagens. O Mail Online, site do célebre tabloide cujo histórico inclui até apoio ao nazismo, acrescentou ainda um incentivo para os seus leitores baixarem o “manifesto” do atirador.

Jornais de alcance global como New York Times e Wall Street Journal, este do magnata conservador Rupert Murdoch, e até o agregador direitista Drudge Report optaram por não reproduzir o vídeo e foram além: nas manchetes, tratam o ataque como “terror”, o que não era a regra para ações da extrema direita branca nos EUA.

Por outro lado, o presidente americano, Donald Trump, tuitou —e depois apagou— link para os seus seguidores acompanharam a cobertura do massacre na Nova Zelândia através do site Breitbart, que evita qualificar o episódio como terror, falando nos seus enunciados em “tiroteio” e “homicídio”.

O atirador, no “manifesto” divulgado pelo Mail e outros, elogia Trump como “símbolo da identidade branca renovada” no mundo.

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