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Por medo de rastreio, manifestantes em Hong Kong evitam usar cartão de transporte público

Participantes de movimento contra projeto de lei de extradição preferiram tíquetes físicos

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São Paulo

Boa parte das pessoas que protestaram na quarta (12), em Hong Kong, contra o projeto de lei que permite extraditar fugitivos do território para a China continental não usaram seus cartões de transporte público no retorno para casa após a manifestação. 

O site Quartz reportou longas filas na estação de metrô Admiralty para comprar bilhetes físicos em máquinas que aceitam apenas dinheiro.

O tíquete adquirido com cédulas é uma modalidade anônima de viajar no transporte público, ao passo em que o "bilhete único" local, chamado Octopus, contém não só um número de registro que identifica o usuário, mas também memoriza todos os trajetos dos passageiros. 

Segundo a reportagem, os manifestantes estão receosos de serem rastreados caso a polícia decida prestar queixas contra quem participou dos protestos, como fez com líderes do levante pró-democracia Movimento dos Guarda-Chuvas, em 2014 —cem pessoas foram processadas e nove condenadas à 16 meses de prisão. 

As filas para os caixas chegavam a dez metros, de acordo com o site. Os residentes da cidade quase nunca usam máquinas para comprar tíquetes, porque são mais caros do que a tarifa debitada do cartão magnético. 

O Octopus é um modo popular de pagamento em Hong Kong, sendo também empregado em supermercados e restaurantes. Logo, é relativamente fácil para as autoridades obterem um raio-x das transações de seus usuários.

A estação de metrô Admiralty fica no centro financeiro da cidade, próximo aos prédios da sede do governo de Hong Kong, região em que os manifestantes se concentraram. Houve confrontos com a polícia na quarta (12), dia do segundo grande protesto contra a lei da extradição. Onze pessoas foram presas.

Caso o projeto de lei seja aprovado pelo Parlamento, fugitivos poderão ser enviados à China continental para serem julgados. Isso os deixaria à mercê do sistema judiciário de Pequim, tido como mais opaco e repressor do que o de Hong Kong —território que, apesar de estar sob domínio chinês, tem relativa autonomia.

Há uma preocupação crescente de que a independência de Hong Kong esteja sendo gradativamente erodida pelo autoritarismo do partido único chinês. Meios de pagamento que não usam dinheiro, como é o caso de cartões magnéticos, trazem comodidade por um lado, mas levantam questões de privacidade dos usuários por outro.

Nova marcha

Os organizadores dos protestos em Hong Kong anunciaram nesta quinta-feira (13) a realização de uma nova marcha, no domingo (16), contra o projeto de lei que permitiria extraditar suspeitos para a China continental.

Também nesta quinta, um dia depois dos atos que provocaram o adiamento da discussão sobre a proposta no Parlamento, cerca de mil pessoas continuaram a protestar. Durante a manhã, um grupo de manifestantes entrou em conflito com as forças policiais.

Desde quarta-feira, a polícia tem usado canhões de água, balas de borracha e gás de pimenta. Cerca de 70 pessoas ficaram feridas.

A ação policial foi considerada excessiva por diferentes grupos da sociedade civil da região. O Colégio de Advogados de Hong Kong, por exemplo, criticou o uso de “força totalmente desnecessária contra manifestantes desarmados que não pareciam representar uma ameaça imediata para a polícia ou para o público”.

Pequim, no entanto, expressou seu respaldo à operação das forças de segurança. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, afirmou que o governo chinês “condena veementemente o comportamento violento e apoia a maneira em que o governo lida com a situação de acordo com a lei".

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