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Manifestantes vão às ruas de Cuba contra apagões e escassez de alimentos

Ilha enfrenta falta de luz desde o começo de março, problema agravado pela pouca oferta de combustível

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São Paulo

Centenas de pessoas tomaram neste domingo (17) as ruas de Santiago de Cuba —segunda maior cidade do país caribenho, localizada no oeste— para protestar contra a escassez de comida e os apagões que vêm paralisando as atividades na ilha desde o início do mês.

Uma mulher usa o celular em Cuba durante apagão - Alexandre Meneghini - 17.mar.2024/ Reuters

Vídeos publicados nas redes sociais mostravam os manifestantes aos gritos, clamando por "energia e comida". Os apagões, que em alguns locais duram 18 horas ou mais por dia, não só prejudicam a rotina dos habitantes como põem em risco a durabilidade de alimentos congelados.

Outras publicações sugeriam que outras cidades do país também foram palco de manifestações. A agência de notícias AFP comprovou a veracidade de algumas delas, como as que mobilizaram Cobre, também na província de Santiago de Cuba, e Santa Marta, na província de Cárdenas, no centro. Nem a capital, Havana, nem municípios vizinhos a ela abrigaram atos, no entanto.

Segundo o veículo de imprensa estatal CubaDebate, o regime enviou a polícia a Santiago para "controlar a situação" e "prevenir a violência". O próprio líder do regime, Miguel Díaz-Canel, comentou os atos em uma postagem no X, atribuindo a responsabilidade dos protestos a "terroristas" dos Estados Unidos.

"Diversas pessoas expressaram insatisfação quanto ao fornecimento de energia elétrica e distribuição de comida. Esse contexto está sendo aproveitado pelos inimigos da Revolução [Cubana] para fins desestabilizadores", escreveu ele.

Cuba enfrenta uma crise econômica quase sem precedentes desde a pandemia, convivendo com escassez de alimentos, de remédios e de combustível. Os serviços de fornecimento de energia começaram a piorar no início do mês, quando obras de manutenção na central termelétrica Antonio Güiteras —a mais importante da ilha, localizada na província de Matanzas, no oeste— começaram a provocar cortes de energia.

O cenário se agravou ainda mais no fim de semana, quando faltou combustível, necessário para abastecer as demais termelétricas.

Os EUA mantêm um bloqueio econômico contra a ilha há mais de seis décadas. O embargo foi reforçado nos últimos anos, primeiro durante o mandato de Donald Trump e, depois, pelo atual presidente, Joe Biden. Em 2021, Washington voltou a incluir Cuba em sua lista de patrocinadores do terrorismo, uma medida que dificulta transações comerciais com a ilha e investimentos nela.

As acusações de Díaz-Canel aos EUA foram reforçadas pela chancelaria cubana, que na segunda-feira (18) convocou o encarregado de negócios da embaixada de Washington em Havana por suposta "conduta intervencionista" durante as manifestações.

Foi uma resposta a uma postagem da véspera da representação diplomática americana no X. Nela, esta instava o regime cubano "a respeitar os direitos humanos dos manifestantes e a atender às necessidades legítimas do povo".

Os EUA chamaram as acusações de "absurdas" e declararam que os protestos refletem o desespero dos cubanos.

Antes raras, manifestações como a deste domingo têm ocorrido com cada vez mais frequência em Cuba. Embora a Constituição de 2019 conceda aos cidadãos o direito de protestar, uma lei que delineia esse direito está paralisada no Legislativo, o que faz com que aqueles que decidem ir às ruas fiquem em uma espécie de limbo legal.

Os protestos que mais chamaram a atenção desde então ocorreram em 11 de julho de 2021, em meio a uma onde de atos no país considerada a maior desde a Revolução Cubana, em 1959. EUA, União Europeia e grupos de direitos humanos criticaram a repressão do regime aos manifestantes, que foram considerados culpados de agressão, vandalismo e sedição.

Com AFP e Reuters

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