Candidata de Macron surpreende e é reeleita presidente da Assembleia Nacional na França
Siglas de esquerda e ultradireita falam em 'aliança antinatural' do centro com a direita para recondução de Yaël Braun-Pivet
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Os deputados da França reelegeram nesta quinta-feira (18) Yaël Braun-Pivet, candidata do presidente Emmanuel Macron, para presidir a Assembleia Nacional, a Câmara baixa do Parlamento.
A Casa ficou fragmentada em três grandes blocos após as eleições legislativas antecipadas nas quais nenhum partido conseguiu maioria absoluta, embora a coalizão de esquerda tenha obtido a maior bancada.
A votação para o cargo foi precedida por intensas negociações entre os partidos enquanto o país se prepara para sediar os Jogos Olímpicos, que começam no dia 26 de julho.
Braun-Pivet foi reeleita com 220 votos, contra 207 obtidos pelo candidato comunista André Chassaigne, da aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP). O representante da ultradireita, Sébastien Chenu, ficou em terceiro, com 141.
Analistas apontam que o resultado da votação desta quinta é importante porque indica uma primeira visão das alianças que podem ser construídas pelos partidos da Casa para compor uma maioria e definir a indicação de um novo premiê e a formação de um governo.
A lei estipula que a votação para presidente da Assembleia ocorre em três rodadas —nas duas primeiras é necessário obter a maioria absoluta dos votos, mas na terceira basta uma maioria relativa.
Na primeira rodada, Chassaigne ficou em primeiro lugar; na segunda, após a retirada de dois candidatos aliados ao partido de Macron, a candidata governista conquistou a primeira colocação, mas sem maioria absoluta, o que levou a uma terceira rodada da qual saiu vencedora.
A reeleição de Braun-Pivet, 53, sugere o tom em que se desenvolverá a nova legislatura.
Após a votação, Chassaigne afirmou que "o voto dos franceses" no pleito legislativo "foi roubado por uma aliança antinatural" entre o partido de Macron, o Renascimento, e a direita.
O ultradireitista Chenu, da Reunião Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen, considerou que a eleição de Braun-Pivet "desrespeitou a vontade dos eleitores" e foi uma "vitória das artimanhas".
Chenu também criticou uma aliança "antinatural entre os macronistas e os Republicanos", argumentando que o partido conservador fez campanha afirmando ser oposição ao presidente.
O cargo de presidente da Assembleia Nacional consiste principalmente em organizar e moderar os debates na Casa, mas como a quarta figura mais importante do país, também possui alguns poderes constitucionais importantes.
A NFP, maior bancada, não chegou ainda a um consenso por um nome para o cargo de primeiro-ministro devido às diferenças entre o LFI, sua principal força e mais radical, e os socialistas, da centro-esquerda.
Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições legislativas antecipadas após a vitória da ultradireita francesa nas eleições europeias de 9 de junho.
As eleições legislativas em dois turnos, nos dias 30 de junho e 7 de julho, deixaram a NFP, que inclui socialistas, comunistas, ecologistas e o partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI), com 193 deputados, mas longe da maioria absoluta de 289 assentos. A aliança de centro-direita de Macron (164 cadeiras) ficou em segundo lugar, enquanto a ultradireita conquistou 143 representantes depois de um primeiro turno em que largara na frente.
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