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O que Partido Democrata perde e ganha se substituir Biden na eleição dos EUA

Preocupação com campanha do atual presidente à reeleição cresce, e políticos expressam dúvidas

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Holly Honderich
Washington | BBC News

O desempenho hesitante do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no debate em 27 de junho, em Atlanta, na Geórgia, levantou sérias questões sobre sua aptidão física e mental para concorrer a um novo mandato. E uma entrevista concedida à emissora ABC, veiculada na sexta-feira (5), no horário nobre, alimentou ainda mais as especulações sobre o futuro de sua candidatura.

Em meio à incerteza, Biden apareceu, no domingo (7), em dois eventos de campanha na Pensilvânia, um importante estado indeciso. Mas os esforços não impediram que os colegas democratas pesassem os riscos e vantagens de manter Biden, 81, como o candidato do partido.

Preocupação com relação à aptidão de Biden para concorrer parece ter crescido entre os democratas - Getty Images/Via BBC

Na tarde de domingo, o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, convocou uma reunião com legisladores democratas de alto escalão. A candidatura de Biden teria sido um dos tópicos de discussão.

Quatro dos participantes disseram achar que Biden deveria desistir, segundo a emissora americana CBS, parceira da BBC nos EUA. Fontes disseram que pelo menos três outros expressaram preocupação com relação às chances do presidente em novembro.

Várias figuras importantes do Partido Democrata também manifestaram suas posições em entrevistas na TV durante o fim de semana, respondendo se seria mais arriscado continuar com Biden ou deixá-lo no passado.

Alguns dizem que o partido caminha para a derrota em novembro caso Biden permaneça como o candidato, mas outros dizem que, por outro lado, substituí-lo traz muitas incertezas.

Para alguns, potencial em um novo começo

Em meio às consequências do desempenho desastroso de Biden no debate com Trump, pedir que o presidente se afaste da disputa presidencial pode trazer um alívio imediato.

Foi o que disseram alguns democratas, apoiadores declarados do presidente entre eles, sugerindo que as preocupações sobre sua idade e acuidade mental tornaram-se difíceis de superar.

O debate "levantou, com razão, a questão entre o povo americano sobre se o presidente tem vigor para derrotar Donald Trump", disse, no domingo, Adam Schiff, deputado da Califórnia.

Em entrevista dada à NBC News, Schiff não chegou a dizer que Biden deveria desistir —uma posição assumida publicamente por cinco democratas da Câmara até agora.Em vez disso, Schiff sugeriu que o presidente se aconselhasse com pessoas com "distanciamento e objetividade" e decidisse sobre se acredita ser o melhor candidato para disputar a eleição com Trump.

"Dado o histórico incrível de Joe Biden, dado o histórico terrível de Donald Trump, ele [Biden] não deveria estar lado a lado com Donald Trump", disse Schiff. "Não deveria estar nem perto. E há apenas uma razão para estar perto, a idade do presidente."

Biden tem 81 anos e Trump acaba de completar 78. As idades de ambos tornaram-se um ponto cada vez mais polêmico entre os eleitores.

À esquerda, as pesquisas sugerem que alguns eleitores estão perdendo a fé em Biden. Segundo uma pesquisa do Wall Street Journal divulgada na sexta-feira, 86% dos democratas disseram que apoiariam Biden, comparado com 93% em fevereiro.

Um candidato diferente pode oferecer um novo cenário em outras áreas também. Antes da atual onda de pânico democrata, Biden foi alvo de críticas de eleitores em diversas frentes políticas, incluindo sua forma de lidar com a economia dos EUA e a crise migratória na fronteira sul do país.

O desempenho de Biden no debate com Trump levantou dúvidas sobre sua aptidão física e mental para um novo mandato - Justin Sullivan/Getty Images/Via BBC

O presidente enfrentou, ainda, uma ameaça de deserção de eleitores progressistas que se opõem à sua resposta à guerra de Israel em Gaza. Essa resistência custou a Biden mais de 100 mil votos em Michigan —um Estado decisivo crucial— durante as eleições primárias realizadas em fevereiro no Estado.

Uma chapa de Biden "vai arrastar todo mundo para baixo", disse o ex-deputado por Ohio Tim Ryan no domingo (7), em uma entrevista à Fox News.

"Acho que vocês verão uma pressão significativa, seja hoje, amanhã ou em algum momento desta semana, à medida que os membros disserem que isso pode ser insustentável para eles."

Para outros, o desconhecido representa um risco muito grande

Qualquer benefício de tirar Biden pode ser atenuado pelos riscos iminentes, de acordo com alguns líderes democratas. Se o presidente se afastasse, a maior parte do que viria depois estaria incerto: quem substituiria Biden e como? E como esse candidato se sairia contra Trump?

Nos últimos dias, vários aliados de Biden enfatizaram os riscos de traçar um novo caminho, argumentando que Biden é um sucesso comprovado.

"Biden está velho", disse o senador de Vermont Bernie Sanders, 82, na CBS News no domingo. "Ele não é tão articulado quanto antes. Gostaria que ele pudesse subir os degraus do Air Force One. Ele não pode. Temos é que focar a política —as políticas de quem beneficiaram e beneficiarão a vasta maioria das pessoas neste país."

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, que passou o fim de semana em campanha pelo presidente, disse o mesmo em um comício em Doylestown, na Pensilvânia, no sábado. "É o hipotético que atrapalha o progresso em termos de promover essa candidatura", disse Newsom. "É exatamente onde o outro partido quer que estejamos, tendo essa briga interna, e acho que é extraordinariamente contraproducente."

Os apoiadores públicos de Biden dizem que substituí-lo pode ser um benefício direto para os republicanos de Trump, que podem argumentar que os adversários estão em meio a um caos partidário. "Temos que parar de falar sobre isso", disse a deputada Debbie Dingell, de Michigan, na CNN no domingo. "Gastamos uma semana inteira. Os republicanos estão se divertindo. Quero dizer, precisamos voltar a falar sobre Donald Trump e seu desempenho."

Um caminho intermediário com Kamala Harris?

No início desta semana, Tim Ryan sugeriu uma possível substituta: a vice-presidente de Biden, Kamala Harris. "Acredito fortemente que nosso melhor caminho a seguir é Kamala Harris", escreveu em um artigo de opinião para a Newsweek. "Aqueles que dizem que uma candidatura de Kamala é um risco maior que o Joe Biden que vimos outra noite e continuaremos a ver não estão vivendo na realidade."

Embora ela tenha demonstrado apoio e lealdade a Biden, a ideia de Kamala Harris, 59, substituir Biden ganhou força nos últimos dias. Na entrevista de Adam Schiff na manhã de domingo, o congressista disse que Harris poderia vencer Trump "de forma esmagadora".

Vice-presidente e candidata democrata em 2020, os apoiadores dizem que ela já foi testada em campanha e está familiarizada com o establishment democrata e sua arrecadação de fundos.

Kamala "sabe o que faz", disse a ex-presidente do Comitê Nacional Democrata Donna Brazile em entrevista à ABC, no domingo. "Pedir aos delegados eleitos para a convenção que ignorem Kamala Harris seria negligência política."

Mas o que a torna atraente para os apoiadores também pode ser um problema: a idade não é a única reclamação dos eleitores contra Biden, e o histórico do governo com relação às escolhas políticas pode impactar Kamala.

Este texto foi originalmente publicado aqui.

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