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Em 1ª entrevista, Kamala diz que concorre independentemente de gênero e raça

Vice-presidente foi evasiva sobre propostas concretas e defendeu governo de Joe Biden

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Washington

Em sua primeira entrevista à imprensa após tornar-se candidata à Presidência, Kamala Harris disse que está concorrendo porque acredita ser a melhor pessoa para o cargo, independentemente de seu gênero e raça, mas foi evasiva sobre propostas concretas.

A ausência de referências ao fato de ser potencialmente a primeira mulher negra e de ascendência indiana na Casa Branca já havia sido observada em seu discurso na convenção democrata, na semana passada. Ao ser questionada sobre o significado dessas características, Kamala manteve a estratégia de se manter longe desses tópicos.

Ao mesmo tempo, ao comentar a foto icônica em que uma de suas sobrinhas a assiste falando no palco, a democrata disse que é uma honra e que ficou profundamente emcionada pela cena.

Kamala Harris durante comício na Geórgia nesta quinta (29) - AFP

Na entrevista à CNN, gravada no início da tarde desta quinta (29), a vice-presidente também foi perguntada sobre as acusações feitas por Donald Trump de que ela teria "se tornado negra" por oportunismo recentemente.

"É aquela velha tática", respondeu a democrata. "Próxima pergunta, por favor."

Havia grande expectativa sobre o desempenho de Kamala, dado que seu histórico com entrevistas à imprensa é problemático –performances ruins impactaram sua imagem nas primárias em 2019 e durante o início de sua vice-presidência.

A campanha de Trump vinha criticando-a pesadamente pela distância da imprensa, e o empresário chegou a dizer que a democrata é incompetente demais para lidar com jornalistas.

Nesta quinta, Kamala mostrou-se mais tranquila e preparada, mas também deu respostas genéricas e, mesmo pressionada pela repórter Dana Bash, não disse concretamente o que pretende fazer no primeiro dia de seu governo, se eleita.

"No primeiro dia, vai ser sobre implementar meu plano para o que chamo de uma economia de oportunidades", afirmou. "Já apresentei várias propostas a esse respeito, que incluem o que faremos para reduzir o custo dos bens do dia a dia, o que faremos para investir nas pequenas empresas americanas e o que faremos para investir nas famílias", completou, referindo-se às únicas medidas detalhadas divulgadas por sua campanha até agora.

Questionada sobre a insatisfação com a economia entre os americanos –motivada principalmente pela disparada da inflação sob Joe Biden–, Kamala defendeu o governo do presidente, culpando Trump pela herança maldita.

A vice-presidente também se defendeu das críticas às suas mudanças de posição em comparação com a sua campanha em 2020, quando defendeu bandeiras mais à esquerda do que as que sustentou ao longo da vice-presidência e na sua disputa atual pela Casa Branca.

"Meus valores não mudaram. Essa é a realidade. E após quatro anos como vice-presidente, digo que um dos aspectos, para seu ponto de vista, é viajar extensivamente pelo país," disse a democrata em entrevista à CNN gravada no início da tarde desta quinta (29) em Savannah, na Geórgia, ao lado do candidato à vice Tim Walz.

"Acredito que é importante construir consenso, e é importante encontrar um ponto comum de entendimento onde possamos realmente resolver problemas", completou.

Kamala, no entanto, não entrou em detalhes nas razões para ter mudado de opinião em temas como fracking (método de exploração de petróleo e gás criticado por ambientalistas) e detenção de imigrantes que entraram irregularmente nos EUA –no passado, ela disse se opor a ambos.

"O que eu vi é que nós podemos crescer e impulsionar uma economia de energia limpa sem proibir fracking", limitou-se a dizer, após ser pressionada por Bash.

Sobre imiggração, a vice-presidente aproveitou para culpar Trump pelo fracasso de uma reforma da política para a fronteira negociado pelos dois partidos no Congresso. Repetindo a promessa feita durante o discurso na semana passada, ela disse que, se eleita, vai implementar o texto após aprovação pelo Legislativo.

A democrata desviou de perguntas sobre a tensão entre a sua promessa de mudanças e seu vínculo com o atual governo. Kamala disse que tem muito orgulho de servir como vice de Joe Biden e, ao mesmo tempo, que "o povo americano merece um novo caminho para o futuro".

A repórter Dana Bash, que entrevistou a chapa democrata, perguntou como foi a ligação feita pelo presidente no dia 21 de julho, comunicando sua desistência da corrida. Kamala respondeu que estava em casa com a família, prestes a montar um quebra-cabeça, e negou que tenha pedido o endosso de Biden.

"Ele deixou muito claro que me endossaria", disse.

A vice-presidente também afirmou que, se eleita, nomeará um republicano para compor seu gabinete. "Eu passei minha carreira incentivando diversidade de opiniões. Acho que é importante ter pessoas na mesa com diferentes visões e experiências quando as decisões mais importantes estão sendo tomadas", justificou.

A declaração segue a estratégia já vista na semana passada, durante a convenção democrata, de se projetar como um nome agregador, acima da polarização partidária que marcou os EUA nos últimos anos.

Walz falou pouco durante a entrevista, e, no geral, também fugiu de responder sobre inconsistências apontadas em sua biografia –como a de que teria portado armas em batalhas, e de que passou por um tratamento para inseminação artificial.

"Meu histórico fala por si só, mas acho que as pessoas estão começando a me conhecer. Eu falo como elas. Falo de forma franca. Deixo minhas emoções à mostra e falo especialmente com paixão sobre nossas crianças sendo baleadas nas escolas e sobre armas", disse.

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