Descrição de chapéu Venezuela

Maduro pede ao MST brigada de mil pessoas para produzir na Venezuela

Organização foi convidada pelo ditador para encontro com lideranças e havia recebido convite para acompanhar eleição

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Campinas

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, convidou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para enviar "uma brigada de mil homens e mulheres" para produzir no país.

Maduro fez o convite em pronunciamento durante reunião com lideranças políticas do país e entidades convidadas, como o caso do movimento agrário.

"Convido o MST a vir com centenas de seus agricultores produzir na Venezuela com sua experiência com os assentamentos", afirmou o ditador, antes de repetir o pedido em português e dar as boas-vindas ao "povo brasileiro com a revolução bolivariana" e dizer que fala "português perfeito".

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante evento no Palácio de Miraflores, em Caracas, com um boné do MST diante dele
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante evento no Palácio de Miraflores, em Caracas, com um boné do MST diante dele - Governo da Venezuela via Reuters

Maduro também fez referência a João Pedro Stedile, dirigente do MST a quem chamou de amigo, e usou um boné do movimento que ganhou de presente no início do evento da deputada estadual Rosa Amorim (PT-PE).

A organização brasileira já havia sido uma das entidades simpáticas ao chavismo convidadas pelo regime para acompanhar a eleição no país, no dia 28 de julho, há um mês. Além do MST, foram chamados a Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz) e representantes no Brasil da Assembleia Internacional dos Povos e da Alba Movimentos (Aliança Bolivariana Pelos Povos da Nossa América).

No início de abril as entidades assinaram com outros grupos um manifesto que endossava as ideias do regime venezuelano e afirmavam existir uma campanha para "difamar o processo eleitoral venezuelano".

A nota classificou María Corina Machado, principal adversária política de Maduro e inabilitada a disputar o pleito pelo regime, de representante da extrema direita e bolsonarista.

Alguns dias depois da eleição, o PT divulgou nota em que chamava a disputa eleitoral venezuelana de "jornada pacífica, democrática e soberana". Caracas agradeceu o apoio do partido.

O presidente Lula afirmou discordar da nota publicada pelo partido. "Eu não penso igual à nota. Mas eu não sou da direção do PT. O problema da Venezuela será resolvido pela Venezuela", afirmou, na ocasião.

Antes dessa manifestação de divergência, porém, o presidente havia dito que a sigla "fez o que tem de fazer", sem julgar a posição petista. "O PT não tem de pedir para o governo para fazer as coisas", declarou Lula em 30 de julho, em entrevista a uma afiliada da TV Globo em Mato Grosso.

A reeleição de Maduro, chancelada pelo Tribunal Superior de Justiça venezuelano, tem sido uma pedra no sapato do governo Lula, que mudou de opinião sobre a eleição no vizinho, cujo regime é um histórico aliado petista desde Hugo Chávez, morto em 2013.

Em uma de suas primeiras declarações, o presidente brasileiro afirmou não ver "nada de anormal" no processo eleitoral venezuelano. Com o tempo, e após pressão por posicionamento sobre o pleito, Lula chegou a dizer que Caracas era um "regime muito desagradável" com "viés autoritário" e, por fim, que Maduro estava "devendo explicações", afirmando que não reconhecia o ditador como vencedor enquanto não houvesse confirmação dos resultados por meio da apresentação das atas de votação.

Desde a data do pleito, uma série de países denunciaram a fraude na eleição e não reconheceram a vitória de Maduro, entre eles os EUA, União Europeia, Chile e Argentina.

O regime aumentou a perseguição à oposição, que divulgou parte das atas em um site apontando derrota de Maduro, com intimações e prisões, e diz que as atas divulgadas são falsas —embora grupos internacionais e pesquisadores independentes apontem indícios de veracidade nos documentos.

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