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Descrição de chapéu The New York Times

Júri condena por homicídio culposo mulher branca que matou vizinha negra nos EUA

Susan Lorincz atirou em Ajike Owens após discussão relacionada a crianças; ela diz ter agido em legitima defesa

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Annie Correal
The New York Times

Uma mulher branca da Flórida, nos Estados Unidos, que atirou e matou uma vizinha negra, foi condenada por homicídio culposo (sem intenção de matar) nesta sexta-feira (16). O caso, que ocorreu no ano passado, provocou indignação em todo o país.

Susan Lorincz, 60, atirou em Ajike Owens, 35, após uma discussão relacionada ao barulho feito por crianças em Ocala, cidade a cerca de 130 km de Orlando.

Susan Lorincz, condenada por homicídio culposo após matar vizinha negra nos EUA - Divulgação via AFP

Segundo autoridades, a agressora discutiu com as crianças e atirou objetos contra elas. Owens, a mãe dos menores, então foi à casa de Lorincz para tirar satisfação. Ela acabou atingida com um tiro no peito.

Os advogados de Lorincz, que pode ser condenada a até 30 anos de prisão, afirmam que a mulher agiu em legítima defesa. Não há data marcada para o anúncio da sentença.

O painel de seis jurados —todos brancos, segundo a agência de notícias Associated Press— divulgou o veredicto nesta sexta após duas horas de deliberação. O julgamento começou na terça (13).

"Conseguimos alguma justiça", disse Pamela Dias, a mãe de Owens, de acordo com a Associated Press. "Meu coração está um pouco mais leve."

Advogados de Lorincz, por sua vez, recusaram-se a comentar. O caso chamou a atenção devido à demora para o andamento do processo e pelo fato de os promotores terem decidido acusar a mulher de homicídio culposo, não de assassinato em segundo grau (quando há intenção de matar, embora o crime não seja premeditado).

Familiares de Owens, ativistas e advogados, incluindo Ben Crump, que desempenhou um papel de destaque no movimento americano Black Lives Matter, tinham defendido condenações mais duras.

Segundo Crump e outros advogados que trabalham com a família da vítima, Lorincz gritou insultos raciais para as crianças. Um dos filhos de Owens estava ao lado da mãe no momento em que ela foi baleada.

O caso ainda reacendeu o debate em torno das leis de defesa pessoal, que estão em vigor em cerca de 30 estados americanos e oferecem proteções legais para pessoas que dizem temer por sua segurança ao usar força letal.

Durante o julgamento, a defesa de Lorincz disse que a mulher baleada ficou enfurecida após tomar conhecimento da discussão com as crianças e ameaçou matar a vizinha, fazendo-a entrar em pânico.

Uma testemunha relatou ter ouvido batidas altas e gritos, embora não conseguisse entender o que estava sendo dito. Ela ligou para a polícia depois de ouvir um estampido alto. Lorincz não testemunhou.

Os promotores, por sua vez, argumentam que a porta da casa de Lorincz estava trancada e enfatizaram que a vítima não estava armada.

O crime ocorreu após vários incidentes entre as vizinhas relacionadas às crianças, incluindo sobre o local onde elas costumavam brincar. A família de Owens também acusou Lorincz de tentar a prejudicar a vítima "o tempo todo".

Após a prisão de Lorincz, um detetive disse que a mulher admitiu ter feito insultos raciais antes de atirar.

Ao justificar a decisão de não apresentar uma acusação de assassinato em segundo grau, o procurador Bill Gladson disse que não havia provas suficientes de Lorincz agiu em um "estado depravado", ou seja, tendo "ódio, rancor, má vontade ou intenção maligna em relação à vítima". Ele disse ainda que não permitiria que qualquer decisão fosse influenciada pela opinião pública.

Já a família de Owens criticou o fato de que nenhuma pessoa negra havia sido selecionada para o júri.

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