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Do Tatuapé aos Jardins, como o filho de taxista e ex-motoboy se tornou chef do restaurante Imma

A trajetória de Marcelo Giachini na gastronomia se iniciou ao ver a tia cozinhar para a família

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São Paulo

Coisa rara era Marcelo Giachini ser protagonista. No meio de 23 primos, ele, o mais novo, não tinha vez nem voz. Quando se juntavam, seus familiares descendentes de italianos quase punham a casa abaixo. Com jeitinho de interior, a rua Terra Roxa, no Tatuapé, era morada da tia e dos avós. No final dos anos 1970, vivia perfumada pelo cheiro de comida nas manhãs de domingo.

Ao todo, 40 pessoas se revezavam nos pratos. Havia, porém, quem detinha o poder de bater o pau na mesa e pôr ordem na algazarra: a mais velha de oito irmãos, tia Olívia, Lídia, para os chegados. Ela amava cozinhar, desde que sozinha. Generosa, deixava Giachini, sobrinho caçula, lavar batatas. O garotinho observava a tia no momento em que se punha a picar nhoque, batendo a faca na mesa. Até hoje sonha com a polenta dela.

Marcelo Giachini, Chef do restaurante Imma - Folhapress

Lídia nunca se casou. Era uma maestra, ao coordenar preparo, apresentação e degustação. As delícias preparadas por ela deram mais do que comer para o menino.

Deram-lhe, sobretudo, gosto especial pela cozinha. "Tanto minha tia quanto minha mãe usavam a comida como uma forma de dizer ‘eu te amo’", recorda-se Giachini. Hoje, aos 49 anos, ele é chef do restaurante Imma, instalado no Itaim Bibi.

Foi office boy e trabalhou em crédito bancário após se formar em economia. Na hora do almoço, ficava fascinado com o movimento dos restaurantes. "Naquela época, tinha uma campanha que chamava clientes para conhecer a cozinha. Entrava em todas."

Filho único de pai motorista de táxi e mãe dona de casa, vendeu o que tinha e foi estudar gastronomia em Paris, na Le Cordon Bleu, talvez a mais prestigiada no mundo nessa seara. Lavou prato, sim, mas também cozinhou em restaurantes de Bruxelas.

De volta a São Paulo, deu aula de gastronomia e, após um concurso de receitas de massas, virou chef do restaurante da importadora Casa Flora. Pilotava almoços animados com gente do mundo inteiro, numa época em que o catálogo de produtos de fora se restringia a "jamón" (presunto), azeite e tomate pelado italiano.

A Itália, que gritava em sua origem matriarcal, esticou um bocadinho, indo ao encontro da região Ibérica. O resultado dessa conexão veio à tona há cerca de três anos, quando ele abriu o Imma. O restaurante do chef tem como propósito a ideia do "comer com a mão, de estar próximo às pessoas". Gestos que remetem o menino/homem às delícias da tia Lídia na casa do Tatuapé.

"Aqui, os pratos podem ser compartilhados como eram no meu tempo de criança."

Imma Restaurante
R. Emmanuel Kant, 58, Itaim Bibi, região oeste, @immarestaurante

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