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Saiba como empreendedor mirim criou o maior complexo gastronômico da zona leste de SP

Guilherme Temperani, criador do Vila Anália, tinha 13 anos quando começou seu primeiro negócio

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São Paulo

Na hora do recreio, oito meninos empinavam o nariz diante de garotas e fingiam não fazer parte de um grupo que distribuía panfletos na zona norte paulistana. Ao contrário de seus colaboradores, o chefe da gangue se orgulhava do trabalho, tanto dentro quanto fora da sala de aula da escola estadual
Paulo Egydio de Oliveira Carvalho.

Guilherme Temperani tinha apenas 13 anos quando "abriu" o seu primeiro negócio. Distribuía panfletos a pé, de bike ou carona. Montou uma "empresa" e pagava os coleguinhas para ajudá-lo na empreitada, sem abrir mão do trabalho de ajudante de cozinha aos fins de semana na lanchonete Dizzy, em Santana, que existe até hoje. Ou seja, o menino já estava ligado ao universo gastronômico, mesmo que fosse atrás do balcão.

O restaurateur Guilherme Temperani - Folhapress

Não demorou para criar conexões com o empresariado local. A partir daí, abriu seu jornalzinho de anúncios. Nele, reproduzia o horóscopo de revistas na contracapa. A capa e as páginas internas, recheava de anúncios com promoções de mercados, açougues, costureiras e sapateiros da Vila Maria.

A "vibe" de empreendedor, nas palavras dele, tem DNA e vem do tio-avô e do tataravô paternos que emigraram da Itália para montar circo no Brasil, no final do século 19.

Logo, o moleque cansou de brincar de jornal. Entrou no embalo da internet e criou uma empresa de cartucho de impressora. Não durou muito, assim como naufragaram tentativas de organizar festas e bailes na ZN e na ZL, apesar de elas arrastarem multidões.

Até se arriscou num emprego com carteira assinada, mas foi demitido antes de completar um ano de cartão batido, para desespero da mãe, dona Carmem, 62. Na batalha, a mulher criou o menino e a irmã dele. Encarou ainda o trabalho de empregada doméstica e garçonete. Separada do marido, bateu de frente com o machismo e foi morar com as crianças em cortiços da vila.

"Tive muitas provocações em minha vida", diz Temperani, hoje aos 37 anos, às vésperas de ter o primeiro filho, Benício. Talvez entre todas as provocações esteja a de colocar a zona leste na rota gastronômica. Nos últimos quatro anos, abriu, com investidores, o restaurante Macaxeira, de cozinha nordestina, e a casa de carnes Uru Mar y Parrilla.

Dois anos atrás, mergulhou num sonho mais ambicioso: criar um complexo gastronômico, com espaços dedicados a Japão, Itália, Espanha, Grécia e França, além de confeitaria com doces tentadores, o Vila Anália, que vive lotado de segunda a segunda.

"Acho que foi um grande acerto da minha vida escolher esse nome para o primeiro restaurante. Macaxeira representa o Brasil, os povos originários, nossos ancestrais", explica. Ao pesquisar sua árvore genealógica, o moço descobriu que a bisavó materna era de origem indígena.

Ao todo, o empresário comanda uma equipe de 400 profissionais. Até o fim do ano, deve abrir mais quatro restaurantes.

A respeito do título de "restaurateur", tão em voga, agora quem empina o nariz para falar é ele: "Gosto desse processo de sentar à mesa e restaurar, compartilhar experiências", conta. "Mas a gente continua sendo um bando de ciganos", brinca, referindo-se à expertise de se adaptar a um mundo tão efervescente quanto a um picadeiro de circo.

Vila Anália 
R. Cândido Lacerda, 33, Jardim Anália Franco, região leste, @grupovilaanalia

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