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Sem retomada

PIB recupera patamar pré-Covid, mas deve voltar ao padrão de quase estagnação

Movimentação em shopping center de São Paulo no final de 2021 - Bruno Santos - 26.dez.21/Folhapress

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Com o avanço de 0,5% no quarto trimestre, a economia brasileira terminou o ano passado com crescimento de 4,6%, o suficiente para superar o nível de atividade de antes da pandemia. O resultado não altera a perspectiva pouco animadora para este 2022, que se tornou mais nebulosa com a eclosão da guerra na Ucrânia.

O desempenho melhor do final de 2021 se deveu à agropecuária e aos serviços, que já respondem à menor preocupação com a crise sanitária. Atividades mais dependentes do contato pessoal têm espaço para expansão nos próximos meses, mas há novos obstáculos.

O principal deles é o novo choque de inflação, concentrada em itens essenciais como alimentos e combustíveis, que retirará poder de compra da população. A retomada até aqui, ademais, se deu num contexto de piora de salários.

O rendimento médio do trabalho medido pelo IBGE permanece 9,4% abaixo do patamar de antes da Covid-19, em valores corrigidos.

Com maiores pressões nos preços, já se cogita que o aperto monetário do Banco Central vá mais longe. O mercado futuro sugere que as expectativas para a taxa Selic podem subir a até 13,5% anuais, um ponto percentual acima do que se antevia há algumas semanas.

O encarecimento do dinheiro terá impacto negativo na demanda por crédito, que dá sinais de enfraquecimento nos segmentos ligados a bens duráveis. A inadimplência é outra preocupação, dado o endividamento recorde das famílias.

A guerra na Europa adiciona mais complexidade ao cenário. Já está claro que o novo repique nos preços das matérias-primas aumentou o risco de uma recessão global. Com a inflação já elevada nos Estados Unidos e na Europa, os bancos centrais estão em processo de aperto da política monetária, o que se reforça agora.

As consequências para o Brasil podem conter ambiguidades. Tipicamente, a economia do país responde negativamente a uma retração da atividade mundial, mas é impulsionada pela alta das cotações de artigos de exportação, principalmente produtos agrícolas, petróleo e minério de ferro.

Há outros fatores favoráveis, como o esperado aumento dos investimentos dos governos estaduais e em infraestrutura. Tudo somado, a expectativa para o ano permanece de modesto crescimento, de 0,5%, o que dá continuidade ao quadro de quase estagnação que vigora após a recessão de 2014-16.

Qualquer prognóstico mais positivo a médio e longo prazos depende da restauração de condições que permitam maior expansão da produtividade —e nessa seara será também preciso consertar os estragos institucionais patrocinados pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

editoriais@grupofolha.com.br

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