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Ecos do Capitólio

Comitê apura atos insuflados por Trump, modelo de Bolsonaro em contestar eleição

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Apoiadores de Donald Trump protestam em frente ao Capitólio, sede do Legislativo - Alex Edelman - 6.jan.21/AFP

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Após quase um ano de apuração, com cerca de 800 prisões e mais de 1.000 entrevistas, começou nos EUA um procedimento congressual com potencial de evento histórico na principal democracia do globo.

Na quinta (9) ocorreu a primeira audiência pública do comitê da Câmara dos Representantes que investiga as circunstâncias da invasão do Capitólio, sede do Legislativo tomada de assalto por manifestantes insatisfeitos com a derrota de Donald Trump em sua tentativa de reeleição em 2020.

Naquele 6 de janeiro de 2021, as hordas haviam sido insufladas pelo então presidente a rejeitar a sessão do Congresso que viria a validar a vitória de Joe Biden, ritual burocrático do processo eleitoral.

O resultado foram as longas horas de horror da invasão, com figuras grotescas ocupando salas e galerias do edifício, encimadas por ao menos cinco mortes, algo inaudito na história norte-americana.

A culpa do republicano no episódio é cristalina. Mas, ciente do mundo de disputas de versões da política, o comitê buscou elaborar um acervo probatório robusto sobre o ocorrido, baseado em investigação própria e de outros.

Com efeito, foi chamado de caça às bruxas por Trump. Não há dúvidas de que, com 5 de 7 integrantes sendo do Partido Democrata que se opõe ao ex-presidente, há viés na sua forma de divulgação.

Espera-se que o relatório a ser desfiado em mais cinco sessões esteja impecável tecnicamente. Não irá convencer eleitores do ex-mandatário, mas poderá estabelecer um alerta. Afinal, como disse o presidente do comitê, o democrata Bennie Thompson, o perigo subsiste: "A conspiração para frustrar a vontade do povo não acabou".

O processo não deixa de ecoar no Brasil, atormentado pela cantilena golpista de seu presidente —nada por acaso um apoiador de Trump. Jair Bolsonaro (PL) pode até considerar o ídolo "passado", como disse antes de se encontrar com Biden na quinta (9), mas sua prática é outra.

O desprezo pelo regramento democrático, o roteiro de contestação prévia de resultados eleitorais desfavoráveis e a incitação à balbúrdia institucional são elementos inerentes à conduta do mandatário brasileiro.

A provável condenação do americano no comitê poderá levar a medidas judiciais. Cabíveis, riscam no chão uma linha que, com algum otimismo, pode servir de alerta para as intentonas do bolsonarismo.

editoriais@grupofolha.com.br

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