Siga a folha

Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

Garimpo sem controle

Atividade dispara fora da lei, e nos últimos anos com o beneplácito de Bolsonaro

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Garimpo na Terra Indígena Munduruku, no Pará - Amazônia Real/Amazon Watch

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

A atividade de garimpo, infelizmente, tornou-se sinônimo de extração ilegal e clandestina de minerais. Ele avança sobre a floresta amazônica, acima de tudo, com ameaça especialmente grave para populações indígenas.

O diagnóstico se encontra em relatório da iniciativa MapBiomas, que reúne instituições de pesquisa, empresas e ONGs no mapeamento de usos e transformações do território nacional. Constatou-se que, de 2010 a 2021, o garimpo expandiu-se mais que a mineração industrial, praticada legalmente.

A garimpagem atingia no ano passado 196 mil hectares (ou 1.960 km²), quando em 2010 ainda eram 99 mil ha. Mais de 91% da devastação por ela induzida se deu na Amazônia, gerando imagens chocantes de rios e igarapés desfigurados.

Já a mineração convencional passou de 86 mil para 170 mil ha no período, a maior parte disso concentrada em Minas Gerais. A destruição causada pela garimpagem afeta sobretudo Pará e Mato Grosso (92% do total mapeado).

Se fosse só pela área degradada, o dano do garimpo poderia parecer limitado, afinal ela corresponde a pouco mais que a superfície do município de São Paulo. Sua proliferação, porém, vai além das árvores derrubadas em torno das lavras.

Retroescavadeiras, dragas e jatos usados para revolver o terreno e separar minerais como ouro e cassiterita afetam irremediavelmente os corpos d’água. Sedimentos assoreiam e poluem os rios, não raro contaminados também por mercúrio a envenenar os peixes e as pessoas que os consomem.

Ainda maior é a chaga social que a atividade deixa em seu rastro. Garimpeiros não se detêm diante das divisas de terras indígenas, que viram a exploração desregrada aumentar 625% na década considerada pelo MapBiomas.

Mais que inutilizar rios e igarapés para consumo de água, pesca e navegação, o garimpo leva doenças e conflitos para as aldeias. Assassinatos e estupros se avolumam. Grupos indígenas se dividem, contra e a favor da exploração mineral, que ao final só traz renda para parcela pequena da comunidade.

No governo de Jair Bolsonaro (PL), por fim, as invasões de terras indígenas contam com a omissão interessada do mandatário. Ele se opõe até a órgãos de Estado, como o Ibama e a Polícia Federal, quando estes exercem a obrigação de coibir a atividade, determinando que interrompam a destruição das máquinas do garimpo.

editoriais@grupofolha.com.br

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas