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Livros sobre Sérgio Cabral exploram relações pré-governo do emedebista

Obras contam a trajetória política do ex-governador, mas têm lacunas sobre o atual momento

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O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) - Victor R. Caivano - 18.abr.2012/AP

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Rio de Janeiro

O segundo aniversário da Operação Calicute, que prendeu o ex-governador do Rio, traz às livrarias dois livros-reportagem sobre seu alvo principal: "Sérgio Cabral - o Homem que Queria Ser Rei" (Sextante), do jornalista Hudson Corrêa, e "Se Não Fosse o Cabral - a Máfia que Destruiu o Rio e Assalta o País" (Tordesilhas), do jornalista Tom Cardoso.

É uma história conhecida: filho de Sérgio Cabral "pai", jornalista do "Pasquim", Serginho —como era conhecido na adolescência— aproveitou como pôde o ambiente cultural rico de casa, frequentada por Cartola, Nelson Sargento e outros.

Entrou no PCB, também por influência do pai, onde deu os primeiros passos na política. Aprendeu mais a arrecadar com fitas de discursos do ditador cubano Fidel Castro do que exatamente com o conteúdo das falas.

Após anos turbulentos na Assembleia do Rio, onde não faltaram suspeitas de corrupção e enriquecimento ilícito, Cabral passa uma temporada no Senado até se tornar um popular governador. Nove anos depois, é a personificação do político corrupto.

Os dois livros contam com detalhes informativos a adolescência e o início da carreira política de Cabral.

Corrêa explora melhor a passagem do então deputado pela contaminada Assembleia Legislativa do Rio, onde até votação secreta ele implementou para defender os interesses de empresários de ônibus.

Cardoso mostra de forma mais eficiente como a derrota na eleição municipal de 1996 expôs o pragmatismo político do personagem.

Enquanto o candidato a prefeito se apresentava como um conservador contra homossexuais e o aborto, a fim de atrair o voto religioso, dez anos depois Cabral passa a frequentar a Parada Gay.

A trajetória pré-Palácio Guanabara deixa claro, em ambas as obras, o charme e a maleabilidade política de Cabral.

A grande lacuna das duas obras, porém, é justamente no momento crucial do protagonista.

Cardoso tem uma escrita mais agradável, o que torna a obra mais atraente e ampla. Revela, por exemplo, que o ex-governador pediu para receber a medalha Légion d'Honneur a um ministro francês em plena missa em homenagem às vítimas do acidente da Air France, em 2009.

É, contudo, o mesmo texto que afirma que o filho do ex-governador, Marco Antônio Cabral, retirou o sobrenome nesta eleição para fugir da associação com o pai —fake news já desmentida.

O texto de Corrêa é menos convidativo. Os relatos de depoimentos de delatores à Justiça ganham ambientação com fórmulas simples como "numa tarde abafada".

Nos dois livros, porém, o relato sobre o governo Cabral é quase uma adaptação literária das denúncias do Ministério Público Federal salpicado com contextos colhidos em jornais na qual Cardoso é mais eficiente.

É um desafio biografar um personagem ainda alvo de intensas investigações. A desatualização é iminente.

Contudo ambas falham ao deixar de lado as rede de relações não criminosas do ex-governador do Rio de Janeiro que fizeram com que uma conhecida raposa política fluminense flanasse pelo país como um moderno gestor, um "namoradinho do Rio".

Sérgio Cabral — o Homem que Queria Ser Rei
**
Hudson Corrêa, Editora Sextante, R$ 39,90 / e-book 24,99, 224 págs.

Se Não Fosse o Cabral — a Máfia que Destruiu o Rio e Assalta o País
***
Tom Cardoso, Editora Tordesilhas, R$ 44,90, 312 págs.

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