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Gustavo Patu

Como se faz um editorial

Textos não assinados expressam diariamente a opinião do jornal

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São Paulo

Foi excepcional o impacto do editorial que denunciou o comportamento antirrepublicano do presidente da República, como deveriam ser os motivos que levaram a sua publicação.

Ainda assim, “Fantasia de imperador”, texto que a Folha levou à manchete de seu site às 20h22 de 29 de novembro, sexta-feira, seguiu todos os procedimentos estabelecidos para a produção de editoriais —os textos não assinados que expressam diariamente as opiniões do jornal.

Esses pontos de vista são delineados em debates internos rotineiros, que cabe à editoria de Opinião fomentar. A partir de contribuições de profissionais da casa e especialistas de variadas tendências, a Direção de Redação, que se reporta à presidência da empresa, define a posição a ser defendida.

Demonstrações recentes de hostilidade do presidente Jair Bolsonaro a veículos de imprensa foram longamente discutidas durante almoço servido no 9º andar da sede do jornal, em 1º de novembro.

 
Almoço de editorialistas, editores e representantes do comando da Redação e da empresa Folha da Manhã  - Danilo Verpa/Folhapress

Eventos do tipo, aqui conhecidos como almoços de editoriais, ocorrem em geral a cada 15 dias, às sextas, e reúnem pouco mais de 20 pessoas, entre editorialistas (encarregados de redigir editoriais), editores (responsáveis por cadernos e seções do jornal) e representantes do comando da Redação e da empresa, além de convidados eventuais.

O ambiente é informal, embora exista uma pauta a ser seguida por expositores previamente designados. Oferece-se amplo espaço para a divergência, e por vezes a controvérsia se prolonga —como se deu naquele dia.

Na véspera, Bolsonaro havia anunciado que o governo federal cancelaria todas as assinaturas da Folha, fazendo ainda uma ameaça velada aos anunciantes do jornal. Pouco antes, acenara também com represálias ao Grupo Globo.

O debate de então resultou no editorial “O método”, publicado na edição nobre de domingo, que apontava ser o ataque à imprensa profissional parte da estratégia bolsonarista de propagar a desinformação, intoxicar o clima político e confundir o público.

Já se dizia, ali, que o presidente mostrava “seu instinto autoritário e seu desprezo pelos princípios mais elementares do jogo democrático”.

Quando, quatro semanas depois, Bolsonaro levou a cabo sua tentativa de intimidação, o jornal já contava com um entendimento amadurecido acerca do caso. Restava expor, com clareza, a recusa do primeiro mandatário do país em seguir a norma básica de impessoalidade da administração pública.

O sentido geral do texto, sua intensidade e o modo de publicação foram objeto de longa troca de mensagens internas durante a manhã daquela sexta. A primeira versão, apresentada no meio da tarde, passaria por revisões de forma e conteúdo.

Os editoriais se assentam em valores abraçados pela Folha e posições definidas ao longo de décadas, muitas delas reunidas em seção fixa do site (Opiniões da Folha). Como tratar o governo Bolsonaro constitui, por motivos óbvios, um tema mais recente.

O jornal é apartidário, ou seja, não se alinha a forças políticas. A atitude permanente de crítica e cobrança perante o poder não se confunde, porém, com oposição militante.

As recorrentes manifestações de autoritarismo do presidente são intoleráveis. Ao mesmo tempo, trata-se de governante legitimamente eleito, cujas políticas, por respeito aos leitores, merecem avaliação contínua e criteriosa, para discordância ou apoio.

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