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Candidato do grupo de Maia, Baleia Rossi fala em 'Câmara independente' e 'nojo da ditadura'

Presidente do MDB será nome do bloco que disputará comando da Casa contra candidato apoiado por Bolsonaro

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Brasília

O deputado Baleia Rossi (MDB-SP) foi confirmado nesta quarta-feira (23) como candidato do bloco liderado por Rodrigo Maia (DEM-RJ) para disputar a sucessão no comando da Câmara.

O anúncio foi feito por Maia na frente da residência oficial da Câmara dos Deputados. Além do atual presidente e de Baleia, estavam presentes o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da Maioria na Casa e um dos favoritos de Maia para sucedê-lo, e o deputado Isnaldo Bulhões (AL), novo líder do MDB na Câmara.

O deputado Baleia Rossi (MDB-SP) - Divulgação

A escolha pelo nome de Baleia, presidente do MDB, se deu após Ribeiro decidir retirar a pré-candidatura à presidência da Câmara.

“Eu entendo que no projeto que nós integramos, da defesa da democracia, da independência da Câmara dos Deputados, da liberdade do nosso país, eu decidi abrir mão da nossa pré-candidatura para que, dando um passo atrás, o Brasil [possa] dar um passo à frente com a consolidação da candidatura do deputado Baleia Rossi, representando esse espírito e esse projeto”, afirmou o líder da Maioria.

Em seu discurso, Baleia recorreu a uma das mais emblemáticas figuras do MDB, Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte.

“Eu quero dizer que não sou mais candidato apenas do meu partido. Tenho honra de pertencer ao MDB, de ser o presidente nacional do MDB. Tenho certeza de que Ulysses Guimarães estaria feliz com esse ato que o MDB faz [de se somar ao bloco de Maia para disputar a Câmara]”, disse.

“No nosso manifesto de sexta-feira tem uma frase que eu acho que é muito forte, impactante, que marca um pouco a história do nosso Movimento Democático Brasileiro, que foi dita por Ulysses: ‘tenho ódio e nojo das ditaduras’”.

"A Câmara independente é o melhor para o futuro do nosso país", disse Rossi.

Também fez acenos à oposição, que, na última sexta-feira (18), formalizou apoio ao bloco de Maia. "Sabemos que na última sexta-feira nós tivemos um anúncio que muitos não acreditavam. Um anúncio de uma frente ampla de partidos”, disse.

“Partidos do centro democrático, que estão marcando uma posição muito clara de independência da nossa Casa. Mas também unindo os partidos mais progressistas, os partidos da esquerda democrática, o que nos dá as condições de disputar com total perspectiva de vitória.”

O candidato de Maia disse que pretende conversar com cada um dos 513 deputados para reafirmar os compromissos assumidos na frente ampla e com 11 partidos do bloco (PT, PSL, MDB, PSDB, PSB, DEM, PDT, PC do B, Cidadania, PV e Rede), que representam 281 deputados.

Há, no entanto, dissidências nesse grupo. Alguns integrantes da ala do PSL mais ligada ao governo, por exemplo, devem votar em Arthur Lira (PP-AL), candidato aliado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

No próprio PT houve dificuldade, entre alguns membros da bancada, de aceitar o nome de Baleia. Como relatou o Painel, alguns petistas resistiam à candidatura do presidente do MDB, entre eles a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

Para lapidar as diferenças, líderes e presidentes dos quatro partidos de oposição —PT, PDT, PSB e PCdoB— se reunirão com Baleia na próxima segunda-feira (28), para falar sobre temas contidos no manifesto lançado pela esquerda no último dia 21. No documento, as legendas pediam que o candidato do bloco de Maia se posicionasse contra a autonomia do Banco Central e privatizações, entre outros assuntos.

Depois do encontro, as lideranças do PT vão se reunir com a bancada para relatar o resultado da reunião com Baleia. No partido, ainda há uma ala que defende que se lance candidatura própria no primeiro turno, como fará o PSOL. No entanto, essa corrente não é majoritária, segundo deputados petistas.

A oposição também quer conversar com Baleia sobre procedimentos da Câmara. A ideia é abordar o respeito ao direito da minoria na Casa, critérios de proporcionalidade e comissões.

Os partidos querem, por exemplo, o compromisso de que, se houver assinaturas suficientes, CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) sejam instaladas, em vez de proteladas. O mesmo vale para convocações de ministros e votações de decretos legislativos da oposição.

Assim, pretendem anunciar, ainda na segunda-feira, apoio ao presidente do MDB.

Entre alguns integrantes da oposição, o nome de Baleia agradou. Apesar de reconhecerem que é um político ainda novo em Brasília —está em seu segundo mandato como deputado federal—, ele é tido como experiente, líder de uma bancada importante e bom negociador.

Além disso, seu nome era considerado mais agregador ao bloco, por atrair o grosso do MDB —as dissidências seriam poucas no partido. Aguinaldo Ribeiro, embora tenha trânsito melhor na esquerda, não atrairia a maioria dos votos de seu partido, o PP, mesmo de Lira.

A base política de Lira tem dez siglas (PL, PP, Republicanos, PSD, Solidariedade, PTB, Pros, PSC, Avante e Patriota), que representam 204 deputados. A campanha dele conta ainda com votos do PSL e dissidentes da esquerda.

A eleição para sucessão na Câmara está marcada para 1º de fevereiro. A votação é secreta. Por isso, a adesão de partidos a blocos não significa a garantia de votos. São necessários 257 do total de 513 para eleger quem comandará os deputados pelos próximos dois anos.

Baleia é o autor da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma tributária, que teve como referência estudos do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF). O projeto é mais amplo que a reformulação do sistema tributário já apresentada pelo governo.

Eleito deputado federal em 2014 e reeleito em 2018, ele comanda o MDB há cerca de um ano. Antes disso, foi líder do partido na Câmara.

A escolha de Baleia para disputar a presidência da Câmara pelo entorno de Maia ocorreu após pressão interna do bloco, que registrava insatisfações com o atraso para o anúncio.

Aliados de Maia não conseguiam um consenso sobre quem deveria ser o adversário de Lira, que lançou a candidatura no dia 9 de dezembro.

Maia se dedicou nos últimos dias a articular com a oposição a Bolsonaro.

Somente no último dia 18, Maia conseguiu atrair a oposição para seu bloco e lançou um grupo mais robusto que o de Lira.

O movimento representou um revés para Lira, que tentava conquistar terreno na esquerda para se consolidar como maior bloco na disputa.

O PSOL ainda negocia aderir ao grupo. Caso isso aconteça, o bloco de Maia passa a ter cerca de 290 parlamentares.

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