Siga a folha

Descrição de chapéu

Governismo de ocasião de Alcolumbre será testado com Pacheco no Senado

Depois da eleição caótica de 2019, Senado retoma tradição de consensos com nome do DEM

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Senadores costumam encher a boca para falar das virtudes de sua Casa, em oposição à sempre turbulenta Câmara dos Deputados: local de consensos nacionais e debates, digamos, mais elevados.

Obviamente isso é um despropósito histórico, bastando lembrar dos cruentos embates entre Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho no ano 2000 e da eleição de Davi Alcolumbre, há meros dois anos.

O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) faz seu discurso antes da eleição na Casa - Adriano Machado/Reuters

Em 2019, o senador do DEM-AP que agora passa a cadeira para o sucessor protagonizou uma disputa cheia de animosidades com Renan Calheiros (MDB-AL), cacique da velha guarda da política.

No cargo, Alcolumbre logrou aquilo que seus críticos chamam de paz dos cemitérios. Nome novo, trabalhou inicialmente à sombra do poderoso Rodrigo Maia (DEM-RJ), que comandava a Câmara com mão de ferro.

Aos poucos, enquanto Maia se afastava do Planalto de Jair Bolsonaro (sem partido), ele se aproximou do presidente. Estava presente à "mais longa das noites", talvez o ponto mais tenso do governo até aqui, quando em 4 de maio do ano passado o mandatário máximo havia decidido "tocar fogo na República".

Naquela madrugada, Alcolumbre foi chamado ao Palácio da Alvorada e avisado que o presidente iria desafiar o Supremo e indicar seu nome favorito para dirigir a Polícia Federal.

No começo daquela manhã, Bolsonaro estava mais calmo e desistira do choque. Alcolumbre viu crescer seu cacife como interlocutor.

Em troca, viu indicações serem feitas em seu favor e verbas federais antes inexistentes aportarem no seu Amapá natal. A pacificação da qual ele se orgulhou em entrevista coletiva antes da eleição de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foi obtida, a certo custo.

Nada disso significa que o novo presidente do Senado repetirá a mansidão de Alcolumbre em relação ao governo. Sua posição contrária à privatização da Eletrobrás será um dos primeiros testes dessa expectativa de continuidade.

Mesmo sua primeira fala no cargo foi carregada de um tom de seriedade e abordagem racional de questões que são tratadas de forma caótica pelo governo, como a necessidade de vacinação e apoio aos menos favorecidos na crise da pandemia.

Forte no contexto está o PSD de Gilberto Kassab, que tem a segunda maior bancada do Senado e não é palco de guerras fratricidas como o MDB, o maior agrupamento.

Kassab tinha um nome influente para lançar como candidato, Antonio Anastasia (MG). Ex-tucano, o atual vice-presidente da Casa não queria a missão, mas a sua possibilidade foi usada para costurar o apoio do PSD a Pacheco.

A moeda de troca foi a pacificação da situação em Minas Gerais, que virou um feudo de Kassab com o popular prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, e 2 dos 3 senadores mineiros filiados ao PSD.

Pacheco e Kalil fizeram as pazes, o que deve facilitar o caminho do pessedista para se candidatar ao governo estadual em 2022.

Com tudo isso, o Senado pode não apagar sua história de controvérsias e polêmicas, mas Alcolumbre conseguiu dar uma lustrada na fama de Casa. Pacheco, no melhor estilo mineiro, deverá ir na mesma trilha na superfície, mas é nas disputas subjacentes que se verá a que ele veio.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas