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Datafolha: Aliados de Bolsonaro e Lula divergem sobre efeitos de medidas econômicas em pesquisa

Integrantes do governo avaliam que impacto virá em próximas pesquisas, oposição vê efeito praticamente nulo

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Brasília

Aliados de Jair Bolsonaro (PL) avaliam que a pesquisa Datafolha que retrata um cenário de estabilidade nas intenções de voto no presidente não absorveu o impacto positivo que será gerado por medidas como o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e pela queda dos preços de combustíveis.

Já a oposição considera que os benefícios anunciados não tiveram o efeito esperado pelo governo porque não minimizaram a avaliação que a população está tendo da crise econômica no país.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (28) trouxe o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 47% das intenções de voto, ante 29% de Bolsonaro, o que reflete manutenção do cenário capturado pelo levantamento anterior, do final de junho.

Presidente Jair Bolsonaro (PL) durante promulgação da PEC que ampliou benefícios sociais em ano eleitoral - Gabriela Biló /Folhapress

Reservadamente, a leitura de aliados do governo é de que as medidas, assim como a reação da economia e a melhora no cenário inflacionário ainda não foram completamente absorvidas pela pesquisa.

Eles veem uma evolução gradativa do quadro, ajudada pela polarização entre Lula e Bolsonaro. Para esses integrantes do governo, o impacto dos benefícios sociais estabelecidos pela PEC (proposta de emenda à Constituição) que permitiu ao Planalto ampliar as benesses em ano eleitoral deve começar a ser sentido após 15 de setembro.

O ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) minimizou o resultado do Datafolha. "A pesquisa de opinião definitiva e que significa a vitória do Brasil: Caged, com Brasil gerando 234 mil empregos; preço da gasolina caindo; inflação mais baixa; Auxílio Brasil de R$ 600 chegando. Isso é Data Realidade e não Data Narrativa", afirmou.

Na campanha do presidente, havia uma expectativa de que a redução do preço da gasolina tivesse um impacto maior no resultado da pesquisa. A avaliação, porém, é de que a melhora aparecerá no final de agosto ou no início de setembro.

A expectativa é a de que o pagamento dos auxílios sociais, que começa na próxima semana, impulsionará o presidente nas pesquisas.

Aliados de Bolsonaro também destacaram que o desempenho do chefe do Executivo não foi afetado negativamente pelo noticiário negativo após declarações golpistas em reunião com embaixadores na semana passada.

Integrantes da campanha se queixavam de que o encontro não apenas não traria votos, como tinha potencial de tirar. De acordo com pesquisas internas, Bolsonaro perde eleitores com discurso de ataque ao sistema eleitoral.

Também destacaram a melhora no eleitorado feminino no Datafolha, um dos principais focos da campanha. Bolsonaro subiu acima da margem de erro no eleitorado feminino (52% da amostra), onde ganhou seis pontos percentuais. Perde agora de Lula por 46% a 27%.

A comunicação do presidente tem focado nessa fatia do eleitorado. Tanto é que, na convenção do PL, a primeira-dama Michelle fez um raro discurso, muito celebrado por bolsonaristas.

A oposição, por sua vez, viu efeito praticamente nulo das benesses sociais na avaliação do governo. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a pesquisa demonstra que as medidas econômicas anunciadas por Bolsonaro recentemente não surtiram o efeito que ele queria.

"Lula continua sendo a esperança do povo para tirar o país da crise. Toda essa ação que ele fez, essa ofensiva, mostra que não teve impacto na avaliação que o povo está tendo da crise."

Embora o Auxílio Brasil de R$ 600 ainda não tenha começado a ser pago, Gleisi alega que houve muita propaganda em torno do novo valor e que, portanto, as pesquisas já poderiam ter captado a mudança.

"A gasolina já baixou e eles já fizeram muita propaganda em cima. Do auxílio já fizeram muita propaganda. Já dava para ter sido sentido. Não adianta querer comprar o voto", diz.

Ex-governador do Piauí e membro do conselho de campanha de Lula, Wellington Dias (PT) afirma que ainda há margem para o ex-presidente crescer nas pesquisas.

"Nos eleitores que indicam outros candidatos e indecisos, cerca de 9 pontos percentuais tem o Lula como primeira opção. A campanha de rua, caminhadas, comícios, programa de rádio e TV… começa a partir de 16 de agosto, e vamos trabalhar para conquistar este eleitorado", diz.

"De um lado um candidato tido pela ampla maioria do povo como ‘despreparado’ e Lula tem a seu favor um governo com um bom legado, mais preparado e mais experiente, com dois mandatos de presidente, e Geraldo Alckmin de vice, com 4 mandatos em São Paulo, um Estado importante do Brasil, e também com bom legado."

"O que temos com Bolsonaro? O contrário: tensionamento, ameaças à democracia, instabilidade, somando desemprego e sub emprego chegando a 40%, inflação alta, juros altos, país endividado, queda na renda… e ausência de governo."

Para o presidente do Cidadania, Roberto Freire, a manutenção do cenário da pesquisa reflete a falta de fatos novos na campanha eleitoral até o momento.

"As pessoas ainda não entenderam que vai ter eleição. A televisão ainda tem muita influência, assim como o rádio", disse. "Quando começar a campanha na televisão não é que as pessoas vão decidir o voto, mas ali desperta nelas [o fato de] que em outubro vai ter eleição."

"Agora, a grande maioria da população brasileira está preocupada com sua sobrevivência, o trabalho. Não é eleição", complementou.

"O que é importante salientar é que existe uma estabilidade do ponto de vista de pesquisa. A campanha não começou. O que está se refletindo em pesquisas neste momento é um cenário que não muda, porque as pessoas estão conhecendo apenas Lula e Bolsonaro. É como se tivesse apenas essas duas candidaturas."

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