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Venezuela, aborto, drogas: veja falas de Boulos antes e depois

Candidato amenizou o discurso em alguns temas-chave desde que entrou para disputas eleitorais

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São Paulo

Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura de São Paulo, mudou de posição em alguns temas-chave desde que concorreu a um cargo eletivo pela primeira vez, em 2018, distanciando-se de bandeiras de seu partido e da esquerda.

O parlamentar abandonou bandeiras como a legalização do aborto e a descriminalização das drogas, e também recuou no apoio ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela.

Em outras frentes, o deputado desistiu da proposta de acabar com as concessões de serviços públicos e já não fala mais sobre regular empresas de entrega por aplicativo.

O candidato Guilherme Boulos (Psol), durante comício no bairro de São Miguel, na zona leste de São Paulo - 24.ago.2024/Folhapress

Veja abaixo frases de Boulos antes e depois nos seguintes temas

Descriminalização das drogas

Quando disputava a Presidência da República, em 2018, Boulos defendeu a descriminalização das drogas e a legalização da maconha.

Nós defendemos também o fim da guerra às drogas. É preciso descriminalizar as drogas no Brasil. É preciso legalizar a maconha. Como o Uruguai fez, Canadá fez, estados norte-americanos fizeram, como vários países europeus fizeram

Guilherme Boulos (PSOL)

durante entrevista à TV 247

Hoje, diz que sua posição não é essa.

No caso das drogas, minha posição não é legalização, minha posição é [...] de resgate. Tem gente que só quer apontar o dedo, tem gente que quer botar o dependente químico na cadeia. Eu não acho que tem que ser por aí. Eu acho que a gente tem que estender a mão e resgatar

Guilherme Boulos (PSOL)

em entrevista ao pastor Sezar Cavalcante

Aborto

Em dezembro de 2020, logo depois de concorrer à Prefeitura de São Paulo pela primeira vez, Boulos comemorou a legalização do aborto na Argentina.

Ontem o Senado da Argentina aprovou a Lei do aborto legal, gratuito e seguro. São milhares de mulheres mortas todos os anos na América Latina em decorrência de abortos clandestinos e precários. É uma questão de saúde pública. Parabéns às mulheres argentinas pela conquista

Guilherme Boulos (PSOL)

no X (antigo Twitter)

Quando questionado sobre o tema em uma rádio evangélica durante a campanha deste ano, o candidato afirmou que apoia o aborto nos casos previstos em Lei: estupro, risco à vida da mãe ou anencefalia do feto.

Eu defendo que a Lei seja cumprida. A lei em relação à interrupção da gravidez é muito clara. A Lei prevê que isso pode ocorrer quando há caso de estupro, feto anencéfalo ou há risco de vida para a mãe

Guilherme Boulos (PSOL)

em entrevista ao pastor Sezar Cavalcante

Venezuela

Boulos recuou de seu apoio ao regime da Venezuela ao longo dos anos. Em 2018, quando era candidato à presidente, defendeu Nicolás Maduro e disse que ele havia sido eleito para o cargo.

Nós temos uma crise humanitária na Venezuela, produto de uma crise econômica. A Venezuela não é uma ditadura. Teve o seu governo eleito. [Cuba] Não é uma ditadura. Aliás, teve eleições recentemente [em] que elegeu um novo presidente

Guilherme Boulos (PSOL)

durante entrevista com Marco Antonio Villa na rádio Jovem Pan

Em 2022, disse que Maduro tinha práticas autoritárias contra opositores, mas não perseguia a imprensa.

Depende do que as pessoas entendem como ditadura. A Venezuela é um país em que o governante foi eleito. Tem eleições regulares com observadores internacionais e o Maduro que tá lá, você pode gostar ou não gostar, foi eleito. Agora, eu acho que o Maduro tem práticas autoritárias em alguns momentos em relação a opositores. Imprensa, não. Isso te digo com toda firmeza [...] Todos os grandes meios são contra o Maduro e passam o dia inteiro atacando o Maduro

Guilherme Boulos (PSOL)

em entrevista ao podcast Inteligência Limitada

Durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, neste mês, afirmou que há indícios suficientes para dizer que houve fraude nas eleições do país vizinho.

Acho que temos indícios bastante suficientes para dizer que houve fraude na eleição da Venezuela. Tanto é que o próprio Itamaraty, que é do governo Lula, que é um governo de esquerda, não reconheceu a eleição do Maduro. E essa é minha posição

Guilherme Boulos (PSOL)

no programa Roda Viva, da TV Cultura

Terceirização de serviços públicos

No campo das concessões, o candidato também reviu posições antigas. O programa de 2020 apontava para a retomada gradual dos serviços direto na saúde.

Nós vamos enfrentar as máfias dos ônibus, das OS [organizações sociais] na saúde e nas creches e do setor imobiliário, que levam parte expressiva do orçamento público. Nós não temos rabo preso. Temos compromisso com a periferia e os mais pobres

Guilherme Boulos (PSOL)

durante entrevista à Folha, em 2020

Hoje Boulos diz que a atuação de organizações privadas é "incontornável".

As organizações sociais de saúde, do meu ponto de vista, hoje são incontornáveis na gestão do sistema [de saúde] na cidade de São Paulo. Se aparecer alguém e disser, ‘olha, eu vou governar São Paulo, eu vou gerir o SUS sem organizações sociais de saúde’, você, no primeiro momento, você colapsa o sistema

Guilherme Boulos (PSOL)

durante sabatina realizada pelo Sindicato dos Hospitais

Críticas ao PT

Boulos costumava criticar as políticas conciliatórias do PT e chegou a dizer que não tinha a menor dúvida de que houve corrupção nos governo do partido.

O PT optou por governar como historicamente sempre se governou no Brasil. Ou seja, em aliança com os velhos partidos que comandam a política brasileira há muito tempo. Se aliou com Sarney, se aliou com Renan Calheiros, se aliou com Romero Jucá, se aliou com essa turma toda porque entendeu que essa era a única maneira de governar. Nós temos uma diferença porque achamos que é possível governar o Brasil de outro jeito

Guilherme Boulos (PSOL)

durante sabatina nas eleições de 2018

Não tenho a menor dúvida de que houve corrupção no governo do PT. Você tem provas de que houve corrupção na Petrobras durante os governos do PT. Agora, essa narrativa que foi construída de que o PT é o partido da corrupção é uma narrativa falsa

Guilherme Boulos (PSOL)

durante entrevista à Jovem Pan, em 2018

Nas eleições de 2024, a vice do candidato é a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), com apoio do presidente Lula (PT). Com uma aliança ampla nos moldes das feitas pelo partido em 2022, diz que a conjuntura atual exige movimentos e concessões para barrar a extrema direita e que é normal haver discordâncias entre eventuais aliados, a exemplo de Lula e o ex-adversário Geraldo Alckmin (PSB), hoje seu vice.

Aliados terem críticas entre si não é um problema. Hoje o presidente Lula tem como vice-presidente o Geraldo Alckmin. Eles já foram adversários eleitorais com críticas duras um para o outro

Guilheme Boulos (PSOL)

durante entrevista à Central das Eleições, na GloboNews

Trabalhadores de aplicativo

O programa de Boulos em 2020 falava em incentivar cooperativas de trabalhadores de aplicativo para que buscassem modelos próprios de atividade, inclusive com plataformas próprias, e regulamentar as empresas de entrega por aplicativo em São Paulo.

Fomentar a criação de cooperativas e desenvolvimento de plataformas cooperativas (geridas pelos próprios trabalhadores) para aqueles envolvidos na chamada "economia colaborativa", ou seja, trabalhadores de plataformas digitais (aplicativos de transporte ou entrega); [...] Regulamentar os serviços privados de aplicativo de entrega de maneira a garantir condições mínimas de assistência aos prestadores de serviços

Programa de Guilherme Boulos (PSOL)

Eleições de 2020

Em 2024, não há menções à regulamentação ou cooperativas. O que se propõe é criar centros de apoio ao trabalhadores de aplicativos pela cidade.

Vamos criar unidades de apoio aos trabalhadores de aplicativo em todas as regiões da cidade. Serão espaços com banheiro, copa equipada para esquentar marmitas, água, café, área de descanso e ponto de recarga para celulares. O local também contará com postos de assistência ao trabalhador, tais como consultoria jurídica, assessoria administrativa e financeira e orientações sobre microcrédito

Programa de Guilherme Boulos (PSOL)

Eleições de 2024

Segurança pública

O deputado, que anteriormente defendia a desmilitarização das polícias e hoje não ressalta essa bandeira, citava como algo negativo a chamada "teoria das janelas quebradas", sob a justificativa de que ela acaba fundamentando políticas de tolerância zero com efeitos na repressão policial.

Segundo essa teoria, um local com aparência de ordem tende a inibir o cometimento de crimes —daí a importância de evitar que um problema aparentemente de menor importância persista e abra caminho para outros. Na segurança pública, é usada para reforçar a importância de prevenção e vigilância.

Desde a segunda metade do século passado, [...] a segurança no Brasil foi marcada pela importação de teorias estrangeiras, especialmente dos Estados Unidos. Teorias como a das 'janelas quebradas', cujo desdobramento prático são as políticas de 'tolerância zero', que intensificam o número de prisões e a repressão policial em nome da reconhecidamente ineficiente 'guerra às drogas'

Programa de Guilherme Boulos (PSOL)

em seu plano de governo em 2018

Já na campanha para prefeito neste ano, Boulos passou a citar a teoria para dar exemplos do que precisa ser feito para, em sua visão, recuperar o centro e outras regiões afetadas por insegurança.

Em junho, num encontro com a Associação Pró-Centro, conforme noticiou o Painel, o candidato fez referência à teoria ao defender um choque de zeladoria na região.

O que diz a campanha

A campanha de Boulos, em resposta à Folha, indica que as posições não podem ser analisadas isoladamente. "Hoje a conjuntura nacional é completamente diferente. É importante que o contexto político seja apresentado", afirma.

A nota diz ainda que "boa parte das declarações mencionadas pela reportagem foi feita num contexto de debate nacional, o que enviesa a comparação com as posições defendidas pelo candidato em âmbito municipal".

"Ao longo de duas décadas, Boulos vem mantendo com firmeza seus valores e princípios de inclusão social e combate às desigualdades. Suas posições atuais como candidato são reflexo de um acúmulo coletivo representado pela maior coligação progressista nas eleições de 2024 na cidade de São Paulo."

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