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PT aposta em Lula, renovação e polarização para fazer cinturão em capitais do Nordeste

Partido tem candidatos a prefeituras de Teresina, Fortaleza, Natal e João Pessoa entre prioridades na região

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Recife

A aposta na polarização com o bolsonarismo e a defesa do governo Lula são estratégias do PT para tentar formar um cinturão de prefeituras em capitais do Nordeste nas eleições deste ano. O partido também aposta no uso da imagem do presidente como cabo eleitoral para fortalecer as disputas.

O Nordeste é o principal reduto político do PT. Em 2022, a região foi a única em que Lula venceu Jair Bolsonaro, com uma vantagem de 69,3% a 30,7% dos votos válidos no segundo turno. Além disso, todos os quatro estados governados pelo PT são nordestinos.

Fábio Novo (Teresina), Evandro Leitão (Fortaleza), Natália Bonavides (Natal) e Luciano Cartaxo (João Pessoa) são candidatos a prefeituras em capitais do Nordeste pelo PT - Fábio Novo no facebook, Evandro Leitão no facebook, Natália Bonavides no facebook e Luciano Cartaxo no facebook

O PT tem cinco candidatos a prefeituras em capitais do Nordeste, mas vê internamente maiores chances de vitória ou de avançar ao segundo turno em quatro delas: Teresina, Fortaleza, Natal e João Pessoa —a outra é Aracaju. Em 2020, o PT não elegeu prefeitos em capitais. O objetivo agora é retomar espaço.

Em João Pessoa, Luciano Cartaxo tenta voltar a comandar a prefeitura com o apoio de Lula. O atual prefeito Cícero Lucena (PP) é líder nas pesquisas de intenção de voto e, com isso, a leitura interna no PT é de que o partido disputa com o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL) uma vaga num possível segundo turno.

Em debate em agosto, Cartaxo e Queiroga travaram uma discussão sobre os governos de Lula e de Bolsonaro, replicando a polarização nacional. Em 2022, Lula venceu em João Pessoa com uma margem apertada sobre o ex-presidente —a vantagem foi de 50,1% a 49,9%. Em números absolutos, menos de mil votos de diferença.

Cartaxo foi eleito prefeito pelo PT em 2012, mas deixou o partido em 2015, sob o efeito político da Operação Lava Jato. O retorno à legenda aconteceu em 2021.

Em Natal, a estratégia da campanha da deputada federal petista Natália Bonavides é explorar o fato de ser um quadro jovem e a defesa da participação feminina na política. A cidade já foi governada três vezes por mulheres. O Rio Grande do Norte também já teve cinco mandatos de governadoras —inclusive atualmente com Fátima Bezerra (PT).

A articulação da governadora foi decisiva nos bastidores para assegurar o apoio de partidos como MDB e PSB à candidatura de Natália, que tem como principais adversários o deputado estadual Paulinho Freire (União Brasil), apoiado pelo PL, e o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, que busca o quinto mandato no Executivo municipal.

O lançamento da parlamentar petista à prefeitura também reflete a busca do partido em renovar quadros, um desafio interno para a sigla. Ela tem 36 anos e está em seu segundo mandato no Congresso.

Outro nome considerado jovem pelo PT é Fábio Novo, que tem 50 anos e disputa a Prefeitura de Teresina. Ele é apoiado pelo governador petista Rafael Fonteles, de 39 anos. Ambos são vistos como símbolos de renovação do PT no Piauí. O estado foi o que deu a maior votação proporcional a Lula em 2022, mas o PT nunca governou a capital.

Historicamente, a principal liderança da sigla no estado é o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, 62, que governou o Piauí quatro vezes.

Fábio Novo fechou aliança com o PSDB, primeiro partido ao qual foi filiado, há 30 anos. O principal oponente, o ex-prefeito Silvio Mendes (União Brasil), é apoiado pelo senador Ciro Nogueira (PP), chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro.

Sem apoio do PL, Mendes tem rejeitado associação ao bolsonarismo. Inclusive, a Justiça Eleitoral concedeu pedido da sua campanha para retirar do ar conteúdos e pesquisas que o associam a Bolsonaro.

As parcerias com os governos dos estados e o governo federal são vistas como trunfo argumentativo pelas campanhas de Fábio Novo, em Teresina, e de Evandro Leitão, em Fortaleza.

Um dos motes da campanha de Evandro Leitão é que, se ele vencer, Fortaleza estará "três vezes mais forte", com o PT no governo federal, estadual —com o governador Elmano de Freitas— e municipal. O apoio do ministro da Educação, o senador licenciado Camilo Santana (PT), é tido como crucial para alavancar Leitão rumo a um segundo turno.

A associação se estende ao campo programático. Uma das principais propostas do petista é criar uma versão municipal do programa nacional Pé de Meia para estudantes do 9º ano do ensino fundamental, a fim de reduzir a evasão escolar. No lado político, a aposta é que isso associará o candidato à imagem de Camilo.

Os opositores, por outro lado, têm criticado o PT, afirmando que o partido quer dominar Fortaleza e o Ceará politicamente.

A convenção de Evandro Leitão, em agosto, teve a participação do presidente Lula, que, mesmo com sintomas gripais, foi ao evento em Fortaleza. O candidato tem a maior coligação partidária na disputa e o maior tempo absoluto de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, inclusive superando o tempo de todos os opositores somados, que será usado para tentar alavancar a candidatura.

O coordenador do Grupo de Tática Eleitoral do PT nas eleições municipais, senador Humberto Costa (PE), afirma que a defesa de Lula está entre as estratégias da sigla. "Não podemos fugir do debate nacional, mas o partido deve apresentar propostas para as questões municipais, especialmente a segurança pública, que entrou como algo em que as prefeituras têm um papel a exercer também."

Segundo o senador, há possibilidade de Lula participar de atos de campanha, a depender da necessidade do candidato no local e do andamento da campanha eleitoral.

"Vamos ver onde é possível Lula se fazer presente. Acredito que em Teresina ele deve estar e vamos trabalhar também para ele ir a Natal e João Pessoa", afirma.

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