Haddad diz que se preocupa 'um pouquinho' com inflação devido ao efeito da seca nos preços de alimentos e energia

Para ministro, aumento de juros não é solução nesse caso; Copom se reúne na próxima semana

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Brasília

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse nesta quarta-feira (11) que se preocupa "um pouquinho" com a inflação devido ao impacto das questões climáticas sobre os preços de alimentos e energia. Na visão dele, contudo, os juros não são a solução nesse caso.

"Inflação preocupa um pouquinho, sobretudo em virtude do clima. Nós estamos acompanhando a evolução dessa questão climática, porque o efeito do clima sobre o preço de alimentos e, eventualmente, [sobre o] preço de energia, faz a gente se preocupar um pouco com isso. Mas essa inflação advinda desse fenômeno não se resolve com juros", disse.

Raimundo Pereira do Nascimento, morador da Vila de Itacuã, em Porto Velho, observa a faixa de areia que se formou no rio Madeira - Lalo de Almeida - 5.set.2024/Folhapress

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne na próxima semana, nos dias 17 e 18, para definir a taxa básica de juros (Selic) –hoje em 10,5% ao ano. Os economistas projetam a retomada do ciclo de aperto monetário.

"Juro é outra coisa. Mas o Banco Central tem um quadro técnico bastante consistente para tomar a melhor decisão e nós vamos aguardar o Copom da semana que vem", complementou Haddad.

O Brasil enfrenta neste ano a pior seca de sua história desde o início da atual série histórica, em 1950, quando há registro pelo Cemadem (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

Na Amazônia, os rios Madeira e Negro já atingiram alguns dos níveis mais baixos da história, e comunidades sofrem com isolamento e obstáculos no abastecimento.

Em razão da seca, o Ministério de Minas e Energia ampliou a autorização para uso de usinas termelétricas, especificamente de Santa Cruz (RJ), Linhares (ES) e Porto Sergipe (SE), e avalia retomar o horário de verão para tentar evitar um racionamento de energia.

Haddad também falou sobre a preocupação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com as queimadas. Na terça, o presidente voltou a prometer a criação de uma autoridade climática no país.

"Existe também a preocupação do governo com o fato de que a maioria dessas queimadas está acontecendo em propriedade privada. [...] Se acelerarmos um processo de ação humana deletéria contra o meio ambiente, vai causar mais prejuízo do que já está contratado pela crise [climática]. Nós temos que agir", afirmou.

São Félix do Xingu, no Pará, foi a cidade com mais pontos de fogo ativos no Brasil na primeira semana de setembro, segundo dados do programa BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os incêndios também ocorrem em outras regiões do país, como no cerrado e no pantanal.

Quanto à atividade econômica, Haddad projetou uma revisão ainda mais elevada para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país, acima de 3%. Até julho, a estimativa oficial da equipe econômica era de 2,5%.

"A atividade econômica continua vindo forte. Hoje [quarta] tivemos um dado de serviços forte. Nós devemos, nessa semana, divulgar a reprojeção do PIB e as consequências sobre a arrecadação, possivelmente com um aumento da projeção, além do que nós estávamos esperando. Ele deve vir mais forte, possivelmente 3% [de crescimento do PIB] para cima, algo bastante consistente", disse o ministro.

A projeção mais otimista vem depois que os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que a atividade econômica cresceu 1,4% no segundo trimestre deste ano no Brasil, na comparação com os três meses iniciais de 2024.

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