Investimento alto e falta de política pública travam avanço de boas práticas
Entre os gargalos, estão ausência de mão de obra qualificada e de informação
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A adoção de práticas sustentáveis pelo agronegócio ainda esbarra em alguns obstáculos.
Entre os gargalos, estão problemas conhecidos em outros segmentos da economia, como a falta de mão de obra qualificada, somados ao elevado investimento inicial exigido para algumas práticas e a falhas na aplicação de algumas políticas públicas.
“A agricultura sustentável não é feita em larga escala, principalmente, por ausência de informação. Falta a clareza de uma política pública que leve esse conhecimento ao proprietário rural”, afirma Ricardo Ribeiro Rodrigues, do departamento de ciências biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
De acordo com Juliana Monti, gerente de sustentabilidade da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), falta assistência técnica para os produtores menores ampliarem a adoção de práticas sustentáveis no campo.
“Os grandes [produtores] têm acesso a tecnologia, não dependem de uma assistência técnica pública, porque contam com consultorias e tecnologias de ponta”, diz Monti, ao ressaltar que, apesar de serem do interesse do produtor, essas práticas exigem que ele saiba como aplicá-las.
“Algumas delas demandam um investimento inicial maior e, muitas vezes, o pequeno e o médio produtor não têm esse aporte para introduzir algumas dessas técnicas”, lembra a gerente da Abag.
Do ponto de vista das exigências de mercado, Ribeiro ressalta que ainda falta uma maior conscientização do consumidor em todo o mundo.
“Enquanto nós, como consumidores, não fizermos a nossa parte de cobrar, principalmente os norte-americanos e os chineses, que são menos exigentes em relação a essa questão, isso vai acontecer muito lentamente”, explica o professor da Esalq/USP.
Os dois países concentraram 35% das exportações brasileiras do agronegócio em 2017, segundo dados da secretaria do comércio exterior compilados pelo Ministério da Agricultura.
Essa menor cobrança dos maiores importadores de produtos brasileiros acaba limitando a adesão a políticas públicas importantes, como o Programa ABC —linha de crédito a juros reduzidos voltada para adequação das propriedades rurais de acordo com a legislação ambiental.
“A adequação ambiental, dentro do conceito de sustentabilidade, só vai ocorrer se garantirmos a sustentabilidade econômica da propriedade rural. Um produtor sem sustentabilidade econômica não vai garantir a sustentabilidade ambiental”, afirma Ribeiro.
“Todo o mundo sabe que precisa, mas nem todo mundo consegue”, resume Roberto Rodrigues, coordenador do centro de estudos do agronegócio da Fundação Getulio Vargas.
Ex-ministro da agricultura e produtor, Rodrigues reconhece que “falta homogeneidade” no processo produtivo agrícola do país, “o que é praticamente impossível num país como o Brasil, com características regionais tão díspares”.
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