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'Conta de Adolescente' no Instagram pode transferir o dever das big techs para os pais, dizem especialistas

Meta lançou recursos adicionais de segurança para menores de 18 anos na rede social

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São Paulo

A Conta de Adolescente lançada pelo Instagram nesta terça-feira (17) ajuda, mas não resolve por completo problemas enfrentados por jovens nas redes sociais.

Apesar de sinalizar resposta da Meta, dona da rede social, a cobranças por maior regulação nas plataformas, a iniciativa não pode jogar os pais responsabilidades das big techs, segundo especialistas consultados pela Folha.

"As novas regras são bem-vindas, apesar de chegarem tarde. Não garantem, entretanto, todos os direitos de proteção que têm os adolescentes", diz Kelli Angelini, advogada especializada em educação digital.

Alunas mexem no celular durante intervalo de aulas - Folhapress

O Instagram anunciou que perfis de menores de 18 anos serão incluídos de forma automática em maiores restrições de conteúdo e mais regras de supervisão parental. A Meta exigirá comprovação de idade e maiores de 16 poderão flexibilizar configurações, mas somente com autorização dos responsáveis. A idade mínima para criar uma conta no Instagram é 13 anos.

Pais poderão ver contatos dos últimos sete dias, definir limites diários de uso e bloquear o acesso em horários específicos, além de monitorar quais tópicos os filhos acompanham na rede.

A empresa não deixou claro como seria a regulação da restrição para jovens cujos pais não têm contas em redes sociais ou entendimento o suficiente para geri-las. Também não explicou como coletaria e validaria dados de parentesco.

"É um avanço significativo. Considerar feedback dos que desejam ter mais controle sobre os filhos é importante, mas essa responsabilidade não pode ser só dos pais", diz Juliana Cunha, diretora da Safernet.

Dados da TIC Kids Online Brasil 2023 mostram que 88% da população brasileira de 9 a 17 anos diz manter perfis em plataformas digitais. Entre 15 e 17 anos, o valor sobe para 99%. Somente 28% dos que têm de 9 a 17 anos têm pais, mães ou responsáveis que afirmam utilizar "filtros" ou configurações que restrinjam o contato com propaganda na rede.

"Temos um problema de letramento entre os pais no Brasil. Esses que vão adotar a ferramenta de supervisão representam parcela que nem sequer sabermos o tamanho, porque a empresa não divulga esses dados" afirma Cunha.

A Conta do Adolescente será privada por padrão, e as mensagens estarão restritas apenas a seguidores e conexões existentes.

A Meta afirmou que implementará configurações mais restritivas para conteúdo sensível a adolescentes, como vídeos que mostrem pessoas brigando ou que promovam procedimentos estéticos nas abas Explorar ou Reels.

"A empresa fala em menor exposição a conteúdos sensíveis, mas o que precisamos garantir é nenhuma exposição, como exige o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)", afirma Angelini.

O comunicado da Meta também diz que adolescentes terão acesso a um novo recurso, "feito especialmente para eles", que permite selecionar os tópicos que mais desejam ver na aba Explorar e em suas recomendações.

Questionada pela Folha, a empresa não explicou se o recurso para regular o algoritmo também estaria disponível para contas de adultos. O rival TikTok anunciou função semelhante a usuários dos EUA no início do mês.

Para Gabriel Rossi, sociólogo e professor de comunicação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), a possibilidade de regulação do algoritmo é positiva de modo geral para usuários, mas esbarra em especificidades da fase de desenvolvimento pela qual passam os adolescentes.

"De um lado, as coisas ficam mais fáceis e confortáveis. Por outro, a pessoa acaba recebendo só conteúdos que gosta e não se abre ao novo e ao contraditório. Vai se alimentando um viés de confirmação no jovem em formação", afirma.

"A forma que o jovem consome mídia define os valores dele por toda vida. Isso constrói a cultura de uma geração", diz.

Selecionar conteúdos preferidos é só uma das coisas que podem ser feitas para melhorar a relação entre usuários e algoritmo, de acordo com Cunha, da Safernet. A especialista defende mais transparência e ação por parte das big techs no bloqueio de conteúdo nocivo em toda a plataforma.

"O adolescente ainda não é um sujeito completamente aparelhado para fazer essas escolhas e o feed dele é só uma parte do algoritmo", afirma.

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