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1969: Guilherme de Andrade e Almeida, o Príncipe dos Poetas, morre aos 78 anos

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No Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, autoridades, parentes e amigos se despedem do poeta Guilherme de Almeida.
No Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, autoridades, parentes e amigos se despedem do poeta Guilherme de Almeida. - UH/Folhapress
São Paulo

O Brasil perde um ícone da poesia. Na madrugada desta sexta (11), Guilherme de Andrade e Almeida, poeta, escritor e jornalista, morreu aos 78 anos. Vítima de uremia, o Príncipe dos Poetas passou suas últimas horas ao lado de sua família, em casa, no bairro de Perdizes, em São Paulo.

Durante toda a noite, intelectuais, políticos, militares e sacerdotes velaram o corpo daquele que é considerado “o mais paulista de todos os poetas de São Paulo”. Em memória ao escritor, o governador Roberto Costa de Abreu Sodré determinou luto oficial durante três dias no estado.

O cortejo fúnebre partirá neste sábado (12), às 9h, da ABL (Academia Brasileira de Letras), onde o poeta ocupava uma cadeira, com destino ao Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, no Parque Ibirapuera.
Nascido em Campinas, em 24 de julho de 1890, filho do jurista Estevam de Almeida e de Angelina de Andrade Almeida, bacharelou-se em direito na faculdade do largo São Francisco em 1912. Ele iniciou a carreira aos 27 anos, com o livro de poesias “Nós” (1917).

O poeta foi um dos mais ativos da Semana de Arte Moderna de 1922 e diretor da revista Klaxon. Em 1923, casou-se com Baby Barroso do Amaral e passou a residir no Rio. Regressou a São Paulo em 1925 e, nos anos seguintes, voltou a trabalhar no jornal O Estado de S.Paulo, onde passou a fazer crítica cinematográfica, na coluna “Cinematographos”, e crônica social.
 

Guilherme de Almeida com seu pequinês Ling Ling. (1968)
Guilherme de Almeida com seu pequinês Ling Ling. (1968) - Divulgação


À época o grande difusor das ideias nacionalistas do modernismo percorreu diferentes regiões do país. Imprimindo a temática brasileira, Almeida publicou os livros “Meu” e “Raça” (1925), entre outros.
Ele foi o primeiro dos modernistas a ser recebido pela ABL, em 6 de março 1930, eleito para a vaga do poeta, folclorista, filólogo e ensaísta Amadeu Amaral.

Em 1932, esteve exilado em Portugal, com outros paulistas, pela participação na Revolução Constitucionalista. Seu falecimento ocorre dois dias após a data do Movimento Constitucionalista, 9 de julho.

Nos anos 40, de volta a São Paulo, trabalhou como jornalista. Foi redator e colunista de O Estado de S.Paulo e, de 1943 a 1945, diretor da Folha da Manhã, criando o inovador serviço Folha Informações.

Foi em 16 de setembro de 1959, num concurso organizado pelo jornal Correio da Manhã, que Guilherme de Almeida foi eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros, título conferido aos poetas Olavo Bilac (1902), Alberto de Oliveira (1918) e Olegário Mariano (1937). No pleito de várias semanas, em diversos estados, ele obteve o título com 320 votos. Seu mais forte oponente, Manuel Bandeira —que o consideraria “o maior artista do verso em língua portuguesa—, recebeu 164.

Para Péricles Eugênio da Silva Ramos, crítico literário e membro da ABL, os amantes da poesia “estimavam em Guilherme de Almeida a acessibilidade e a elegância da expressão”. “São Paulo, o Brasil e a língua portuguesa perdem um dos seus maiores expoentes.

Toda a cidade está consternada com o passamento do Príncipe dos Poetas”, disse Hely Lopes Meirelles, secretário da Segurança de SP. O corpo do poeta será enterrado na cripta onde, na ala principal, gravada em mármore, está sua poesia “Oração ante a última trincheira”. E uma das linhas escritas por Guilherme de Almeida, de acordo com um amigo próximo, resume tudo: “Em mim, sem mim, fim”.

Primeira página da Folha de S.Paulo de 12 de julho de 1969
Primeira página da Folha de S.Paulo de 12 de julho de 1969 - Folhapress

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