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Novo antibiótico mostra potencial para combater superbactérias

Molécula foi eficaz em testes realizados com animais, segundo estudo publicado na Science

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Michael Peel
Londres | Financial Times

Cientistas desenvolveram um medicamento com potencial para combater com sucesso superbactérias em humanos.

O novo antibiótico, conhecido como cresomicina, mostrou-se eficaz em testes realizados com camundongos. A droga agiu contra várias bactérias que causam infecções graves e estão cada vez mais resistentes aos tratamentos existentes, segundo estudo publicado na revista Science na última quinta-feira (15).

"O mais importante é que ele mata cepas resistentes a antibióticos em animais", disse Yury Polikanov, coautor da pesquisa e professor associado de ciências biológicas na Universidade de Illinois Chicago. "É mais potente [do que seus predecessores] e mais potente contra bactérias mortais."

Streptococcus, um gênero de bactérias  que podem causar doenças no ser humano
Medicamento teve resultado positivo, por exemplo, contra a bactéria Staphylococcus aureus, que causa infecções na pele e em outros órgãos - SciePro/Adobe Stock

O resultado positivo com a cresomicina surge em meio a esforços em pesquisas para enfrentar a resistência antimicrobiana (RAM), que ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas desenvolvem a capacidade de resistir a tratamentos.

A RAM, em grande parte causada pelo uso excessivo de antibióticos, já está ligada a 5 milhões de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Hospitais são particularmente suscetíveis à disseminação de superbactérias.

O Cresomycin provou ser eficaz contra uma variedade de bactérias perigosas que são proeminentes na disseminação da RAM, segundo o estudo. Entre elas estão Staphylococcus aureus, que causa infecções na pele e em outros órgãos; Escherichia coli (E-coli), responsável por doenças intestinais e do trato urinário; e Pseudomonas aeruginosa, um desencadeador de infecções sanguíneas e pulmonares.

Um grande obstáculo para lidar com a RAM é que décadas de subinvestimento em pesquisa levaram à falta de novos antibióticos sintéticos promissores. Há muito tempo médicos têm recorrido a tratamentos derivados de produtos naturais, como penicilinas e cefalosporinas obtidas de fungos, mas eles estão se tornando cada vez menos eficazes conforme os patógenos evoluem.

Os autores do novo estudo disseram que o resultado obtido aumenta as esperanças para "a descoberta no futuro de agentes antibacterianos amplamente eficazes contra a resistência antimicrobiana".

Para criar a cresomicina, eles se inspiraram em um antibiótico existente. Eles o remodelaram e adicionaram recursos extras para lidar com as mudanças que a resistência antimicrobiana causou nos patógenos-alvo, segundo Polikanov.

Os resultados dos testes da cresomicina parecem promissores, de acordo com Tim Walsh, professor da Universidade de Oxford e especialista em resistência antimicrobiana. Porém, ressaltou ele, são necessários mais dados sobre a eficácia da molécula contra o grupo de bactérias chamadas de gram-negativas, que são protegidas por uma membrana externa e representam um problema central na disseminação da resistência antimicrobiana.

"Até que seja mais bem examinado, é difícil prever o valor deste novo antibiótico contra infecções graves por bactérias gram-negativas como uma terapia singular", disse Walsh, que não estava envolvido no estudo. "Mas o design sintético do cresomicina, baseado em uma lógica intuitiva, fornece uma estrutura empolgante para desenvolvimentos futuros."

A empresa farmacêutica suíça Roche está conduzindo testes clínicos de fase um em um antibiótico que mirou com sucesso uma bactéria gram-negativa conhecida como Acinetobacter baumannii, resistente a carbapenêmicos, ou Crab. Os cientistas disseram que a descoberta desse medicamento, revelada em um estudo no mês passado, poderia ser a base para o desenvolvimento de novas em que ele seria reformulado para mirar em outros patógenos resistentes a antibióticos.

O Crab, que causa doenças que ameaçam a vida de pacientes hospitalares, é classificado como uma preocupação prioritária pela OMS e uma ameaça urgente pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

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