Descrição de chapéu The New York Times

Missão de retorno de rochas de Marte é estimada em R$ 57,7 bi, e Nasa tenta reduzir custo

Agência americana também busca ideias para que amostras cheguem à Terra antes de 2040

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Kenneth Chang
The New York Times

O custo de uma missão proposta pela Nasa para coletar rochas em Marte e trazê-las de volta à Terra está aumentando, e a concretização desse plano, distanciando-se cada vez mais. Por isso, na última segunda-feira (15), integrantes da agência espacial pediram ideias para simplificá-la e reduzir o seu valor.

"O ponto principal é que US$ 11 bilhões [R$ 57,7 bilhões] é muito caro", disse Bill Nelson, o administrador da Nasa, em uma entrevista coletiva. E não ter essas amostras na Terra até 2040 é inaceitável, acrescentou ele.

A missão, conhecida como "Mars Sample Return" (retorno de amostras de Marte), é fundamental para a busca por sinais de que a vida possa ter existido no planeta vermelho. A ideia é transportar amostras de rocha e de solo para a Terra para que cientistas as examinem.

Rover Perseverance coleta amostras de solo de Marte - Nasa/JPL-CALTECH/MSSS

A Nasa esperava que a missão custasse de US$ 5 bilhões (R$ 26,2 bilhões) a US$ 7 bilhões (R$ 36,7 bilhões) e que as rochas chegassem à Terra em 2033.

Mas, no ano passado, um painel revisou o plano e concluiu que a despesa provavelmente seria muito maior, de US$ 8 bilhões (R$ 42 bilhões) a US$ 11 bilhões. Na última segunda (15), funcionários da Nasa disseram que, depois de analisarem esse trabalho, concordaram com a estimativa e que, dadas as restrições orçamentárias, as rochas não chegariam à Terra antes de 2040.

Na terça (16), a Nasa planejava emitir uma solicitação de informações buscando planos alternativos de empresas aeroespaciais, bem como de especialistas dentro da agência, com propostas a serem entregues até 17 de maio. A Nasa financiaria, então, várias dessas propostas, com estudos sendo concluídos ainda neste ano. Em seguida, a agência teria que decidir qual seria o próximo passo.

"Vamos precisar explorar algumas possibilidades muito inovadoras para o design", afirmou Nicola Fox, administradora associada da diretoria de missões científicas da Nasa. Ela disse que esperava por arquiteturas tradicionais e testadas que reduziriam o risco de atrasos e falhas.

"Isso é um último recurso", afirmou Casey Dreier, chefe de política espacial da Sociedade Planetária, uma organização sem fins lucrativos que apoia a exploração espacial. Antes, ele chegou a pensar que a Nasa simplesmente anunciaria um atraso, o que reduziria o valor gasto na missão em um determinado ano, mas aumentaria o custo final. "Teria sido uma maneira mais fácil, do nosso ponto de vista, de preservar o plano conforme existia, para adicionar certeza onde há incerteza", disse Dreier.

A primeira fase da missão já está em andamento. O rover Perseverance, da Nasa, que pousou em Marte em 2021, tem perfurado e coletado amostras cilíndricas de rocha e solo na cratera Jezero, que contém um antigo delta de rio.

O plano atual, elaborado pelo Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na Califórnia, envolve uma coreografia complexa. Primeiro, uma nova espaçonave robótica pousaria perto do rover Perseverance, que então entregaria cerca de 30 de suas amostras de rocha. Essas seriam lançadas em órbita ao redor de Marte. Outra espaçonave, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), as recuperaria e as traria de volta à Terra.

Para realizar uma missão que saia mais rapidamente e a um custo menor, uma ideia pode ser deixar algumas das amostras para trás no planeta vermelho. Isso reduziria o tamanho e a complexidade da espaçonave necessária.

Se os cientistas fossem forçados a escolher quais rochas eles querem mais, "acho que isso resultaria em conversas científicas muito animadas e empolgantes", disse Fox.

Em fevereiro, Dreier escreveu um ensaio para responder se a Nasa poderia recorrer à SpaceX, de Elon Musk, para uma missão mais barata. O veículo Starship, da SpaceX, está sendo projetado com o objetivo de enviar pessoas a Marte.

"A resposta é quase certamente 'não'", escreveu Dreier na época. "Pelo menos, não tão cedo."

Mas, se Musk e a SpaceX estiverem interessados, a Nasa está agora disposta a ouvi-los. Segundo Dreier, a empresa precisaria resolver inúmeros desafios técnicos, entre os quais produzir propelentes para a viagem de retorno.

Procurada, a SpaceX não se manifestou.

Dreier disse que, como otimista, talvez Nelson estivesse certo e que alguém ofereceria uma solução melhor. Mas ele acrescentou que o anúncio da Nasa na segunda-feira (15) poderia ser um pretexto para cancelar a missão ou tentar convencer o Congresso de que realmente precisava de US$ 11 bilhões.

"Pode ser apenas que as pessoas não queiram aceitar que é isso que custa", disse ele. "Acho que isso é uma das coisas que descobriremos."

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