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cida santos

 

11/08/2012 - 17h31

O Brasil é bicampeão e o Zé é tri

Foi demais: Brasil bicampeão olímpico no vôlei feminino. O jogo da final foi o retrato da campanha da seleção nos Jogos de Londres: um início muito ruim, até assustador. Uma derrota por 25 a 11 no primeiro set. As jogadoras não desistiram. Veio então a transformação. O time lembrou que era o campeão olímpico e passou a jogar com essa postura. Mudou o saque, defendeu muito, parecia um time asiático, e destruiu os Estados Unidos. Venceu por 3 sets a 1 (11/25, 25/17, 25/20 e 25/17). A recepção, o ataque, o bloqueio. Tudo funcionou.

A ponteira Jaqueline jogou a melhor partida da vida dela. Uma jogadora que tem como a melhor qualidade o fundo de quadra foi também decisiva no ataque. Só de ataque fez 18 pontos. É muita coisa. A central Fabiana deu um show na rede. A líbero Fabi foi perfeita na defesa. A levantadora Dani Lins distribuiu muito bem o jogo. A Thaísa, a Sheilla e a Fernanda Garay, todas fundamentais para a conquista do bicampeonato olímpico. E o técnico José Roberto Guimarães? Currículo igual ao dele ninguém tem: três títulos olímpicos! Um em 92, nos Jogos de Barcelona, com a seleção brasileira masculina. Os outros dois com o feminino, em 2008 nos Jogos de Pequim, e agora em Londres.

Uma das cenas mais legais do jogo aconteceu com o técnico Zé Roberto. No quarto set, a Fabiana bateu uma bola rápida linda, que caiu sem defesa na quadra dos Estados Unidos. Zé Roberto aplaudiu muito a jogada e começou a berrar para o placar: põe mais um, põe mais um. Era o 13º ponto do Brasil. No pedido de tempo, quando o time vencia por 16 a 10, o time já comemorava. Todo mundo ria, batia palma e havia motivo para isso. A torcida gritava "o campeão voltou" e os Estados Unidos, até então invictos com sete vitórias, estavam perdidinhos em quadra. As americanas, que tradicionalmente erram pouco, atacavam na antena, erravam saque e não acertavam a defesa. A oposto Destinee Hooker, que tem um ataque avassala dor, só conseguiu marcar 13 pontos nesse fundamento. É muito pouco pra ela.

Uma das entrevistas mais legais foi a da líbero Fabi para o canal Sportv. Ela disse que depois da má atuação no primeiro set, o pensamento dela e das jogadoras era o seguinte: "A gente não saiu desse buraco à toa". A frase fazia referência às primeiras rodadas dos Jogos Olímpicos, quando o time também tinha jogado muito mal. Para se classificar às quartas-de-final, dependeu do resultado de outra partida: só garantiu a vaga porque as americanas venceram as turcas. Aliás, vale um elogio à dignidade dos integrantes da comissão técnica dos Estados Unidos: eles já estavam classificados, não pouparam suas titulares contra a Turquia e garantiram a vaga do time que os eliminou. Um exemplo nestes tempos em que muitas seleções entregam jogo.

A recuperação do Brasil veio no jogo contra a Rússia quando o time evitou por seis vezes que as adversárias fechassem o quinto set. A oposto Sheilla atacou cinco dessas bolas. Impressionante a atuação dela. A transformação do time nos Jogos Olímpicos também veio depois que o técnico fez duas mudanças: colocou a Fernanda Garay no lugar da Paula Pequeno e a Dani Lins na vaga na Fernandinha. A seleção melhorou a recepção, ganhou força no ataque e a Dani Lins passou a usar mais as jogadas com as centrais. Enfim, tudo já é história. Vale comemorar muito. Ser bicampeão olímpico é para poucos.

cida santos

Cida Santos é jornalista e uma das autoras do livro "Vitória", que narra a trajetória da seleção masculina de vôlei, campeã olímpica em 1992. Escreve de segunda a sexta no site.

 

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