A vitória de Ary Graça

Deu a lógica. O brasileiro Ary Graça será nos próximos quatro anos o principal dirigente do vôlei mundial. Foi eleito o novo presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) com certa folga. Teve 103 votos contra 86 do americano Doug Beal e 15 do Chris Schacht, presidente da Federação Australiana. Ary Graça deverá ficar no cargo por apenas um mandato já que existe um limite de 75 anos para presidir a entidade. Ele tem 69 anos.

O preocupante dessa história é que Ary Graça vai acumular os cargos de presidente da FIVB e da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Ele segue a tradição dos dirigentes brasileiros que se eternizam no cargo. Já está há 15 anos no comando da CBV. Ele deve apenas tirar uma breve licença, mas não vai abrir mão do mandato. Vai conciliar as duas presidências. Detalhe a sede da FIVB é na Suíça e da CBV é no Rio.

Nos períodos em que Ary Graça ficar afastado da CBV, quem vai assumir é o vice Walter Pitombo Laranjeiras, 78 anos. Ele comanda também a Federação Alagoana e informação importante: é vice na CBV há trinta anos. Ou seja, desde a época do mandato do Carlos Arthur Nuzman. Como dá para perceber, os dirigentes não gostam de deixar o poder. Vale lembrar que o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Roberto Gesta, está há 25 anos no cargo e o presidente da Confederação dos Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes, há 24 anos.

Ary Graça também comanda a Confederação Sul-americana. Dessa ele deverá abrir mão por causa do estatuto da Federação Internacional que não permite que ele presida as duas entidades. Graça será o quarto presidente da FIVB, fundada em 1947. O primeiro foi o francês Paul Libaud, que ficou 37 anos no cargo. O segundo, o mexicano Ruben Acosta, só foi largar o poder só 24 anos depois. O chinês Jizhong Wei foi uma honrosa exceção com quatro anos de mandato.

Ary Graça será o segundo brasileiro a dirigir uma federação esportiva internacional. O primeiro foi João Havelange, presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA) por 24 anos, entre 1974 e 1998.

Ary Graça assumiu o cargo no sábado, um dia depois da eleição. Já presidiu a reunião que definiu os novos nomes do Conselho de Administração e do Comitê Executivo da FIVB. No seu primeiro discurso, anunciou objetivos nada modestos. Disse que em quatro anos o vôlei vai explodir mundialmente, que vai modernizar a gestão da FIVB e levar as oportunidades que o vôlei oferece a todo mundo. Vamos acompanhar.