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clarice reichstul
Pérola, a porca
CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA
Pérola, a porca, chafurda na lama.
Pérola, a porca, toma banho de chuveiro. Pérola, a minha porca, é bela e rosada. Ela nasceu à noite, na minha cabeça e lá ficou entalada.
É que eu tive uma insônia e a tal da porca não me saía da cabeça nem a paulada. Eu tentava dormir, rolava de um lado para o outro e nada de a porca sair.
A safada não me abandonava, não sei direito por que, mas eu estava vidrada. Na porca, a Pérola, que não queria dizer tchau nem "bença", não queria balançar o lencinho para mim da estação, vendo-me partir no trem do sono tranquilo, ah, isso ela não queria não! Pérola, ô porca, não suja a mesa! Só quer saber de talos frescos, de leite batido no liquidificador.
O Benjamim diz que pérola é uma pedra redondinha e brilhante que fica no mar, eu perguntei para ele se eu podia ter uma porca chamada Pérola.
Ele pensou e pensou e disse que sim, mas onde ela está? Tá na minha cabeça, bem aqui em cima, chegou ontem à noite e nunca mais saiu. Pegou o lugar dos micos do sótão, brigou com as minhas caraminholas, interditou o comboio do sono e me deixou ali, sem dormir nem nada. Só consegui deitar de manhãzinha, acho que ela se cansou da mudança e foi dormir.
Pérola, a porca, bonita e cansada.
Andrés Sandoval | ||
Formada em cinema pela Faap, Clarice Reichstul tem macaquinhos no sótão, orelhas de abano, língua de trapo e ideias de girino (às vezes de jerico também). Escreve aos sábados.
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