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eliane cantanhêde

 

03/10/2010 - 22h49

Entre o azul e o vermelho, o verde

Pois é, deu segundo turno na eleição presidencial. Pode ser surpresa para os outros institutos, mas não para o Datafolha, que detectou os efeitos corrosivos do escândalo Erenice Guerra sobre a campanha de Dilma Rousseff, identificou uma "onda verde" pró-Marina Silva e apontou a tendência de segundo turno na semana decisiva da eleição. Parabéns Mauro Paulino!

Há uma comparação nítida entre as eleições de 2002 e 2006 com a de 2010, com o candidato e agora a candidata do PT atravessando boa parte da campanha como favorito e favorita, mas esbarrando no dia "D" com uma votação menor do que a prevista, contra uma votação também maior do que a prevista para o adversário tucano.

Em 2002 e 2006, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva deu uma fantástica volta por cima, não apenas consolidando a dianteira mas até comendo votos dos adversários. Nas eleições passadas, por exemplo, Lula teve 48,1% dos votos no primeiro turno e venceu o segundo com 60,83%. Já Geraldo Alckmin encolheu: teve 41,64% no primeiro e fechou em 39,17% no segundo. Daí porque Dilma, já na sua primeira manifestação, lembrou que o PT "não é bom de partida, mas é bom de chegada".

Os dois lados, o de Dilma e o de Serra, vão ter que analisar com muita atenção o que ocorreu nas duas eleições anteriores, os acertos de Lula e os erros tucanos no segundo turno. Mas há fatores muito diferentes agora.

O primeiro deles, contra os tucanos, é que o segundo turno de 2006, por exemplo, ocorreu porque Lula estremeceu com o mensalão e com os "aloprados do PT" e porque Alckmin ganhou gás na última hora e ficou a menos de sete pontos do adversário, enquanto agora Serra só chegou a cerca de 33% e deve o segundo turno principalmente ao fato novo - ou à terceira via - introduzido nesta eleição: Marina Silva e a "onda verde".

O segundo fator, contra os petistas, é que Lula é Lula, Dilma é Dilma. Ele tinha, além da ramificação e da organização do PT, toda uma biografia, uma história, um carisma que lhe garantiram a vitória. Dilma não tem nenhuma das três características na mesma dimensão.

É inegável a capacidade de transferência de Lula para sua candidata no primeiro turno, mas não custa lembrar que ele tem 80% de popularidade, enquanto Dilma não chegou a 50% dos votos. É improvável que apenas a força de Lula consiga sozinha reduzir essa diferença a ponto de garantir a vitória ao PT. É por isso que Lula, Dilma, Serra e a oposição vão disputar freneticamente o apoio de Marina, do PV e dos cerca de 20% do eleitorado que fizeram essa opção no primeiro turno.

Entre o azul de Serra e o vermelho de Dilma, o verde de Marina é quem pode definir o resultado neste segundo turno. Esperem-se grandes emoções e sobressaltos.

eliane cantanhêde

Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal 'GloboNews em Pauta' e da Rádio Metrópole da Bahia.

 

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