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humberto luiz peron

 

08/02/2012 - 15h25

A ditadura dos boleiros

Vamos esquecer os diretores amadores, os dirigentes renumerados, os gerentes, os supervisores e os treinadores. Quem tem o poder realmente sobre o que acontece no cotidiano de nossos clubes de futebol são os jogadores.

Por isso, os clubes são reféns de seus atletas. Ainda mais atualmente, quando muitos clubes têm pendências financeiras - como atraso de vencimentos - com os jogadores e sabem que podem perder algum atleta a qualquer momento.

A atual falta de talentos também faz com que os clubes tolerem alguns atos praticados por seus atletas, pois, em alguns casos, não é possível encontrar fácil um substituto.

O exemplo da demissão de Vanderlei Luxemburgo do Flamengo ilustra bem o caso. Com medo da eliminação prematura na Copa Libertadores - os atletas sabiam que um acidente contra o Potosí faria o treinador cair - a diretoria do clube não pensou duas vezes e ofereceu a cabeça do treinador aos jogadores em troca da classificação para a fase de grupos.

Mimados em demasia pelos dirigentes, os atletas sabem que, historicamente, entre o elenco e um treinador, o clube sempre vai optar em ficar com o jogador. Por isso, os atletas - apesar de eles negarem - são os principais responsáveis pelas trocas de técnicos que temos no país.

Treinador que não trata bem seus comandados ou que tenha uma atitude que desagrade aos jogadores está fadado ao fracasso, mesmo sendo o técnico mais capacitado do mercado.

É muito fácil perceber os sintomas de quando o elenco está contra seu comandante.

De uma hora para outra, os jogadores começam a chegar atrasados para os treinamentos - quando não faltam sem nenhuma explicação -, os atletas soltam insultos contra o treinador, muitos "deixam escapar" para a imprensa problemas de relacionamento do técnico com os atletas e por fim, no momento que o técnico mais de precisa do seu elenco, o número de jogadores no departamento médico cresce exponencialmente.

Alguns treinadores conseguem virar o jogo com um bom papo, mudanças na carga de treinamento ou até começam a dar mais atenção ao que eles dizem na hora da escalação do time. Pois é muito comum os profissionais boicotarem outros atletas dentro do próprio time.

Aqui também são usados vários artifícios fáceis de reconhecer. Vale uma entrada mais dura no treino, não passar a bola para o "desafeto" numa partida e jogar o companheiro contra a torcida reclamando de maneira explícita de um erro no gramado.

Erra quem pensa que os jogadores só decidem partidas dentro do campo. Eles sabem jogar muito bem também nos bastidores - ou "assuntos de vestiários" como os boleiros gostam de dizer.

Até próxima!

Mais pitacos: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Ficamos criticando, com razão, os erros absurdos cometidos por nossos árbitros, mas é só acompanhar aos jogos nos Campeonatos Europeus para perceber que os árbitros lá de fora cometem erros tão graves quanto os daqui. A questão arbitragem não é apenas um problema no Brasil, mas do futebol mundial.

ERA PARA SER DESTAQUE
O Bahia acertou ao contratar Falcão para o cargo de treinador. No time baiano, longe do Rio Grande do Sul e do Internacional, locais onde ele sofria a pressão de ser brilhante no banco como foi nos gramados, ele pode mostrar todo seu conhecimento e experiência adquirida no futebol e fazer um bom trabalho na equipe.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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