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humberto luiz peron

 

15/02/2012 - 12h48

Revelar é primordial

Faz muito tempo que os clubes brasileiros prometem investir nas categorias de base, na formação de jogadores. Agora, é fundamental que esses times passem a revelar jogadores que possam atuar como titulares na equipe principal - objetivo bem diferente da situação atual, quando o único objetivo é lançar garotos para vender, o mais rápido possível, para o exterior.

Um bom trabalho nas chamadas categorias de base será a única maneira de os clubes poderem contar com jogadores acima da média. A última janela de transferência - aqui e na Europa - mostrou como está difícil contratar um fora de série hoje em dia.

Não há dinheiro - a não ser um ou outro clube com mecenas endinheirado - para investir, e os grandes jogadores estão com suas multas de rescisão de contratos a preços fora da realidade.

O classificamos de grandes contratações de nossos clubes são de jogadores que já tiveram grandes momentos, mas que estão em fim de carreira, atletas desprezados por times da Europa, profissionais sem vínculo com qualquer clube, ou estrangeiros de segunda linha que fizeram relativo sucesso em times médios da América do Sul.

Situação que já chegou ao milionário futebol inglês, no momento em que o Arsenal precisa trazer, por empréstimo, o veterano atacante Henry e o Manchester United precisou recorrer ao meia Scholes, que já havia pendurado as chuteiras.

É impossível aceitarmos as desculpas de dirigentes que colocam a culpa na chamada Lei Pelé e de empresários que criam dificuldades na revelação de jogadores. Com o dinheiro que os grandes clubes gastam por mês com três ou quatro jogadores reservas poderia fazer um bom trabalho em sua base.

A grande verdade é que os dirigentes - apesar do discurso - não acreditam no trabalho das categorias inferiores. Por exemplo, eles adoram ceder os direitos de futuras revelações na contratação de medalhões e permitem seus times de base sejam loteados por empresários. Para alguns, a categoria de base só existe quando o time vence a Copa São Paulo ou um Mundial Sub-20, quando são usados jogadores que já estão no profissional.

Muito mais do que suntuosos centros de treinamento para a revelação de jogadores, é preciso que os clubes tenham um plano para integrar todas as categorias, desde o profissional até o infantil, com um coordenador que conheça de futebol, que pode ser até o treinador da equipe principal. O que acontece hoje é que os times das categorias de base estão muito longe dos times profissionais.

Tenho certeza de que a maioria dos técnicos dos times profissionais nem sabe com quais jogadores jovens que ele poderá um dia utilizar. Hoje, com esse distanciamento entre o profissional e a base, o treinador do time profissional recebe um jogador que ele não conhece, e logo o jovem é dispensado.

Não faz muito tempo, o time de base treinava com os profissionais e ia se acostumando com os companheiros, o que não acontece agora, o jovem chega ao profissional com a missão de resolver o problema da equipe.

A integração faria com que o clube tivesse um modelo a ser seguido, com base no time profissional. O técnico principal definiria a forma com que todos os times do clube jogariam e poderia cobrar e determinar quais os fundamentos que deveriam ser aprimorados em cada uma das posições. Também comandaria a rede de olheiros e a seleção de revelações nas chamadas peneiras.

O que acontece hoje é que, se a equipe profissional precisa de um lateral, ela não pode recorrer à base, pois o time de juniores joga num esquema totalmente diferente da equipe profissional e atua com um meia na lateral do campo.

Por fim, não custa nada lembrar que equipes - Barcelona é o melhor exemplo - e países como Alemanha e Espanha que apostaram num processo sério e correto de revelação de jogadores hoje dominam o futebol. Enquanto que quem sempre apostou na contratação de atletas caros patina no momento.

Até a próxima!

Mais pitacos: www.twitter.com/humbertoperon

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Crescem os rumores de que Ricardo Teixeira deve deixar o comando da CBF. Um fato que deve ser comemorado, mas que causa uma grande dúvida: quem seria o nome ideal para comandar nosso futebol? Com certeza, os vices de Teixeira, como José Maria Marin, estão longe do ideal.

ERA PARA SER DESTAQUE
Para o Guarani, que faz uma excelente campanha neste início de Campeonato Paulista. Mérito para o técnico Vadão, que pegou um time que quase caiu para a Série C e com sérios problemas financeiros e conseguiu fazer um elenco bem razoável.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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