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humberto luiz peron

 

20/04/2012 - 16h31

Medíocres em boa fase

Um dos sintomas mais claros de que nosso futebol está carente de craques e de bons times --como agora-- é quando notamos um demasiado esforço em apontar como craque um jogador que teve algum brilho na última partida e de esquadrão qualquer equipe que tenha uma boa apresentação.

Infelizmente, criamos a cultura de transformar em fora de série qualquer medíocre.

Você pode reparar como a cada semana surge um novo jogador pronto para ser a solução dos problemas de seu time.

Do nada aparece o nome de um desconhecido, que poucos viram jogar, como o artilheiro que o time está precisando. A transformação desse atleta em ídolo vai ser rápida, sobretudo se esse atacante fizer gols em suas primeiras partidas. Mas, depois de quatro ou cinco jogos, se percebe logo que o reforço é um jogador comum, ou ruim, e que não tem condições de ser considerado um craque.

Também há aquele profissional que tem muito tempo de carreira e nunca teve nenhum brilho e que, de repente, se destaca em uma ou duas partidas seguidas. Aí já surgem os comentários de que ele era mal aproveitado ou que o jogador precisa de um tempo para se ambientar no clube. Em casos como esses, na maioria das vezes, depois que acaba a boa fase do jogador, ninguém mais cita o nome dele.

Há também os casos daqueles que se transformam em craques só quando estão no banco de reservas. Enquanto eles ficam no aquecimento ao lado do campo eles aparecem como os únicos que podem entrar no gramado e mudar de vez o andamento da partida. Alguns mais aflitos puxam o coro pedindo para que ele entre o mais rápido possível no jogo. Mas, quando ele finalmente tem a chance de participar da partida, invariavelmente, já na primeira bola, vai errar um passe fácil.

Quando se fala na qualidade dos times, do mesmo modo existe um grande exagero. É só uma equipe engrenar uma série de três vitórias seguidas para ser chamada de esquadrão ou já ser comparada com grandes formações.

Na cultura de se analisar equipes apenas pelos três pontos conquistados, muitos aspectos importante são ocultados e muitos detalhes sem importância ganham peso excessivo.

Se o time só ganha pela contagem mínima, ninguém vê a pobreza no setor ofensivo da equipe, mas todos elogiam o padrão tático e o sistema defensivo. Da mesma forma, ninguém comenta a qualidade - geralmente baixa - dos times que o novo esquadrão enfrentou na sequência de vitórias.

E assim vamos aceitando modelos de times medíocres com denominações até pomposas, como "bom, bonito e barato", "competitivos", "eficientes", "sem estrelas", que vão negar fogo no momento decisivo porque não são realmente bons.

No futebol, apenas uma boa fase não é parâmetro para dizer se um jogador é craque ou se um time pode ter sua formação lembrada para sempre na história.

Até a próxima!

Mais pitacos em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE 1
Posso queimar a língua, mas não posso deixar de dar meus palpites para a reta final dos campeonatos Paulista e Carioca - nos demais torneios vou opinar quando surgirem os finalistas - e também a Copa Libertadores.
Campeonato Paulista - Os quatro grandes avançam. Inclusive o Palmeiras, que vai jogar fora contra o Guarani.
Campeonato Carioca - A final da Taça Rio vai ser entre Vasco e Botafogo.
Copa Libertadores - A decisão do torneio continental vai ser entre Santos e Boca Jrs.

DESTAQUE 2
A fórmula ridícula do Campeonato Catarinense, na qual o Figueirense, mesmo ganhado os dois turnos, não vê o título assegurado, pois ainda vai ter de disputar as semifinais para chegar à decisão da competição.

ERA PARA SER DESTAQUE
Para quem gosta de futebol, não há como não se emocionar com a demonstração de amor ao clube da torcida do Nacional-URU na partida contra o Vasco, na semana passada. O tradicional time já estava eliminado, perdia a partida, mas, nos últimos minutos de jogo, os torcedores fizeram uma festa incrível, não parando de gritar um só minuto - fato que nunca difícil de acontecer no Brasil. Aqui, o comportamento dos torcedores da arquibancada é proporcional a atuação da equipe no gramado.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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