Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

humberto luiz peron

 

30/05/2012 - 14h24

Perdemos o gosto pelo ataque

O pequeno número de gols nas duas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, apenas 41 em 20 partidas, mostra como nosso futebol perdeu, nos últimos anos, sua principal característica: o poder ofensivo.

Alguém pode argumentar que os jogos iniciais do Nacional foram prejudicados tecnicamente porque alguns times não usaram seus principais jogadores. Porém, a armação das equipes demonstra, já faz algum tempo, preocupação muito grande com a defesa e nenhuma em armar alguma jogada ofensiva.

Já disse aqui inúmeras vezes que não vejo nada de errado em armar uma equipe que atue defensivamente, mas o que eu critico é que um time não tenha um plano para armar um contra-ataque.

Também, quando falo na montagem de uma equipe que tenha força ofensiva, não defendo a escalação de cinco atacantes, pois não é o número de avantes que define se uma equipe tem força de ataque ou não.

Basta citar o Barcelona. A equipe catalã cansou de construir grandes goleadas, inclusive no Mundial de Clubes contra o Santos, jogando sem um atacante de ofício.

A não utilização da vocação do futebol brasileiro pelo ataque é tão grande que, em várias partidas, é fácil perceber que sua equipe não tem a mínima chance de fazer um gol, e você, desesperado, é obrigado a torcer para que o jogo termine sem a abertura de contagem, que é a única maneira de seu clube conseguir somar um ponto.

Atualmente, no futebol brasileiro, não há uma única equipe que não entre em campo com oito jogadores - o goleiro e mais sete jogadores de linha -, que tenham como única e exclusiva missão de marcar. Sem dizer que os outros três coitados que sobram, geralmente um meia e dois atacantes, também são obrigados a marcar.

Com apenas três jogadores enfrentando uma barreira de oito, fica difícil criar uma jogada de ataque --a não ser que um deles seja um craque como Neymar, que consegue, em algumas jogadas, driblar os zagueiros adversários. Aqui, é bom lembrar que a armação da equipe santista, considerada exemplo de equipe ofensiva, não é muito diferente das outras.

Eu tenho pena dos jogadores que atuam como centroavantes hoje em dia. É muito comum observar que aqueles que teriam a função de fazer os gols não conseguem realizar uma finalização durante todo o jogo. É impressionante como eles jogam isolados, sem nenhum tipo de ajuda dos companheiros.

O principal atacante do time precisa ser um super-homem. Pois, antes de conseguir ter a chance de anotar um gol, ele necessita brigar com toda a zaga adversária, ficar constantemente se deslocando pelos dois lados do campo e segurando a bola, de costas para o gol, esperando que algum meia se aproxime para fazer uma tabela.

Da maneira como são armadas as equipes no Brasil, em curto espaço de tempo, só iremos ver gols que nascem em jogadas de bola parada e em cruzamentos aéreos sobre a área. É incrível como os torcedores já vibram quando o time tem a chance de jogar a bola para área, num escanteio ou falta lateral.

Com tanta preocupação defensiva, os nossos times não sabem mais atacar. Não há equipe que faça triangulações pelos lados do gramado e que vire constantemente a bola de um lado para outro do campo para confundir o adversário. Agora, assistimos vários volantes e zagueiros tocando a bola de lado, sem ter nenhuma opção ofensiva. A bola só sai do campo defensivo quando alguém resolve dar um chutão para frente.

Já passou da hora de o futebol brasileiro recuperar sua vocação ofensiva. Nós não nascemos para assistir a um festival de jogos sem emoção e torcer apenas por um mero 0 a 0.

Até a próxima!

Mais pitacos: @humbertoperon

DESTAQUE
Para Atlético-MG, Botafogo e Vasco, que na largada do Campeonato Brasileiro já saíram com duas vitórias. Está certo que estamos no início do torneio, mas uma boa arrancada, enquanto alguns times deixam de lado a competição para priorizar outras competições, pode fazer com que esses times possam chegar à reta final do torneio brigando pelas primeiras colocações.

ERA PARA SER DESTAQUE
Com essa parada de dez dias no Campeonato Brasileiro vamos esperar que os técnicos consigam acertar suas equipes, inclusive várias delas devem sofrem muitas alterações. Agora, causa espanto o torneio já sofrer uma paralisação na segunda rodada. Se essa parada estava prevista devido aos jogos da seleção, poderia ser programado o início do torneio para depois dos quatro amistosos da equipe de Mano Menezes.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página