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humberto luiz peron

 

18/07/2012 - 12h44

Alguma coisa está fora da ordem

Todos os clubes têm características históricas. Elas aparecem de maneira clara no estilo de jogo da equipe, na semelhança entre os diversos ídolos de clubes, na forma como o clube se organiza politicamente e na forma como se comportam os torcedores.

Mas, no atual momento, estamos presenciamos certas mudanças nos grandes times paulistanos. Pois é nítido que Corinthians, Palmeiras e São Paulo acabaram tomando para algumas características históricas de seus principais rivais.

Não é nenhum exagero dizer que nunca o Corinthians foi tão parecido com o São Paulo; assim como o Palmeiras está vivendo seus dias mais corintianos; e, finalmente, o São Paulo atual quase é um espelho do que sempre foi o Palmeiras.

Sei que depois do último parágrafo consegui desagradar às três torcidas, mas tenho de dizer que as palavras "parecido", "vivendo" e "espelho" não significam que esses clubes tenham se transformado nos rivais. Longe disso.

Vou começar explicando por que o Corinthians vive o momento mais "são-paulino" de sua história.

Nos últimos anos, o Timão começou tem surpreendido com ações inéditas longe dos gramados. Entre elas está a contratação de Ronaldo, que fez o clube alavancar suas receitas e a renegociação dos direitos de transmissão dos jogos pela TV, estratégias que historicamente sempre o São Paulo usava antes de seus rivais.

Outra característica que sempre foi forte no time do Morumbi e que o Corinthians acabou ganhando muito espaço está na força do time nos bastidores do futebol. Ainda fora do campo, o Corinthians, mesmo que discretamente, tentou mudar o perfil de sua torcida. A chamada Fiel ainda existe, mas o clube se esforça para mostrar uma torcida mais elitista. Para isso, basta ver os preços dos ingressos do time nos jogos mais importantes.

Em campo, a forma de o time jogar também mudou. O Corinthians que ganhou a Libertadores não foi aquele time afoito, que era empurrado pelo grito da torcida. Para conquistar o continente, o clube do Parque São Jorge foi frio, com uma defesa sólida, que aproveitou muito bem as deficiências dos adversários e que não se importou em ganhar partidas por placares apertados. Essas são características marcantes em todas as conquistas do São Paulo.

Já os palmeirenses --e principalmente os palestrinos-- nunca viram um time campeão "tão corintiano" como esse que conquistou a Copa do Brasil. Os grandes esquadrões do clube sempre foram extremamente técnicas. Mas a equipe palmeirense que ganhou o título em Curitiba está muito longe disso. É um time que se superou e com muita garra, determinação e dando bicos para todos os lados quando era preciso.

Se não assumisse as características de seu rival, o Palmeiras nunca teria uma equipe campeã com jogadores como Leandro Amaro, João Vitor, Luan e Betinho, e outros tantos cuja qualidade principal é a vontade.

Aliás, a história de Betinho, herói da conquista do mais recente título palmeirense lembra a trajetória de vários jogadores do Corinthians que surgiram para marcar gols históricos para o time.

Fora do campo, o Palmeiras também foi um pouco Corinthians. Foi campeão com um presidente bombardeado por grupos políticos; superou vários atritos entre comissão técnica, diretoria e jogadores; conseguiu verbas de publicidade, mais pela força de sua camisa do que por qualquer plano genial; e, por fim, a torcida exigente, que muitas vezes não perdoava um erro de passe, passou a jogar com o time.

Se para Corinthians e Palmeiras "copiarem" as características de seus rivais gerou frutos, para o São Paulo, que vive um momento conturbado como o Palmeiras em seus piores dias, está sendo um desastre.

De repente, o clube que sempre se orgulhou de ter uma diretoria planejada, está sendo comandado por um presidente que se acha dono do time e que pensa que tem o direito de invadir a concentração para afastar jogadores e dar palestras para os atletas no vestiário.

O São Paulo também perdeu a liderança que tinha sobre os outros clubes e, em outros tempos, não levaria o chapéu que levou no caso da venda de Oscar.

Assim como fazia o Palmeiras, o São Paulo começou a contratar pacotes de atletas sem nenhum critério, mas não consegue montar um time fortes. Jogadores que chegam como craques, poucos meses depois, são dispensados. O mesmo ocorre com as seguidas trocas de treinadores. Nos últimos tempos, o sempre tranquilo São Paulo parece viver sempre em crise.

Também a torcida do clube, acostumada aos títulos, mudou. Esqueça aquele estereótipo do são-paulino, que só vai ao campo quando o time está bem. Hoje, a torcida do São Paulo cobra muito seus jogadores. E, como os palmeirenses, até a semana passada, agora eles adoram falar das conquistas históricas do clube para tentar diminuir os títulos recentes dos rivais.

Depois de tudo isso, é preciso reconhecer que alguma coisa está fora da ordem na vida dos times paulistanos. Gostem ou não os torcedores mais fanáticos desses clubes

Até a próxima!

Mais pitacos em @humbertoperon

DESTAQUE
Para o Atlético-MG, pelo que fez até aqui no Campeonato Brasileiro. Pelo menos nesse início, o time vem fazendo um campanha brilhante, mostrando que o clube acertou na montagem do elenco e nas contratações de Ronaldinho e do goleiro Victor. Também é preciso comentar o bom trabalho do técnico Cuca.

ERA PARA SER DESTAQUE
Está certo que o nível de nossos árbitros é muito baixo. Mas já chegou a hora de se criar uma punição para os jogadores que entram em campo apenas para ludibriar a arbitragem. As simulações estão cada vez mais exageradas para se conseguir um pênalti ou cavar a expulsão de um adversário.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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