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humberto luiz peron

 

25/07/2012 - 08h25

Os peladeiros

DE SÃO PAULO

Nada de perder nenhum passeio para assistir a um jogo de futebol ou de tentar descobrir tudo o que aconteceu nas rodadas do Campeonato Brasileiro. Essa foi a promessa que eu tive de fazer para ter uma semana de folga com minha família em Maceió. O único tempo que eu dedicaria à minha atividade cotidiana seria para poder escrever este texto.

Mesmo assim, consegui acompanhar os resultados da semana e ver os gols sem muitos problemas, afinal de contas, em todo lugar sempre há uma TV ligada em algum programa esportivo.

Porém, ainda sentia falta da minha dose diária de atenção exclusiva ao futebol.

Por sorte, em uma caminhada noturna pelo calçadão da praia, presenciei várias peladas em toda a orla. Pronto! Finalmente, tinha encontrado minha salvação. Com a desculpa de que um descanso seria providencial, consegui um bom tempo para acompanhar aqueles clássicos das areias.

Em poucos minutos, além de alimentar meu vício pelo futebol, percebi como, nessas partidas improvisadas, podemos observar a alegria que não encontramos mais nos jogos profissionais. Quem joga nas areias tem a satisfação de correr atrás da bola, o que nem sempre é visto nas partidas dos principais campeonatos.

O gostoso de ver uma pelada é que qualquer jogador, quando recebe a bola, a primeira providência que toma é tentar dar um drible no adversário, não se importando quantas fintas ele tenha de fazer antes de passar a pelota.

Nesse festival de dribles, sempre existem duelos entre os jogadores dos dois times. É o momento em que eles tentam aumentar o repertório de malabarismos com a bola e, ao mesmo tempo, se empenham na marcação para não levar um baile do rival.

Também é fácil perceber que alguns desses peladeiros de praia adquirem uma rara habilidade no controle de bola, pois precisam se adaptar as ondulações da areia e dominar a pelota que vem quicando muito depois de receber um passe. Os peladeiros, sem perceber, desenvolvem uma excelente visão periférica ao ter de passar a bola corretamente a seu companheiro mesmo sem a referência das cores nas camisas ou meias.

Essas características, que são típicas do jogador brasileiro, tendem a desaparecer de nosso futebol, já que a maneira como nossos jogadores são formados atualmente - em escolinhas, com treinadores que só passam a parte tática, sempre a mais defensiva possível, e a marcação - tolhe a criatividade dos meninos, fazendo com que percam a capacidade do improviso.

Sei que só peladeiros em campo não resolvem os problemas de nenhum time, mas seria bom que voltássemos a ter pelo menos alguns deles jogando em nossos gramados.

Até a próxima!

Mais pitacos em: @humbertoperon

DESTAQUE
Jogando praticamente com o time titular e com adversários de baixo nível técnico e desfalcados, a seleção brasileira tem tudo para conquistar a sonhada medalha de ouro olímpica pela primeira vez.

ERA PARA SER DESTAQUE
O Atlético-MG faz grande campanha no Campeonato Brasileiro, mas não podemos descartar o Fluminense como sério candidato na briga pelo título. O time carioca tem um elenco forte e muito experiente.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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