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humberto luiz peron

 

01/08/2012 - 13h44

O futebol como trampolim para os esportes olímpicos

DE SÃO PAULO

Apesar do discurso inflamado de alguns de nossos dirigentes esportivos, estamos muito longe de ser uma potência olímpica. Mesmo que a cada ano seja despejado mais e mais dinheiro no esporte não conseguimos ter um crescimento expressivo no número de atletas de elite e no número de medalhas que ganhamos em cada edição dos Jogos Olímpicos.

Continuamos chegando ao pódio nas mesmas modalidades de décadas atrás e graças aos fenômenos que despontam em esportes como judô, atletismo, natação, iatismo e hipismo --esses dois últimos restritos a um pequeno grupo de participantes.

Não há nenhuma política realista para formação de atletas no país. O esporte escolar não existe. É uma piada chamar de educação física aqueles momentos de recreação que as crianças têm em espaços inadequados, sem equipamentos e, muitas vezes, comandados por um professor que nem é formado em educação física.

O esporte universitário brasileiro também é inexistente. O único interesse das instituições é apenas ganhar algum espaço na mídia com as conquistas de atletas já com algum destaque e que recebem bolsas de estudos nas próprias universidades.

Já o número de clubes que historicamente sempre formaram nossos melhores atletas diminuiu bastante. As poucas associações que continuam apostando no desenvolvimento de atletas de alto rendimento são inacessíveis para jovens promissores.

Diante desse cenário, acho que uma forma de descobrirmos novos talentos para as modalidades olímpicas seria usando o futebol.

A minha ideia, que é muito simples e que talvez seja vista como uma grande bobagem por aqueles que adoram fazer planos esportivos mirabolantes, que só gastam verba pública, que não dá resultado nenhum, surge de uma constatação: a maioria dos atletas com destaque em outras modalidades só escolheram a prática em que se tornaram campeões depois de não serem aproveitados em equipes de futebol.

Sendo assim, não seria necessário muito gasto de dinheiro para se deslocar professores de educação física para recrutar os milhares de garotos --e garotas-- que procuram diariamente os clubes de futebol para fazer testes e são reprovados.

Também seria uma grande oportunidade para que as crianças tivessem contato com outras modalidades que elas não conhecem e uma segunda chance de seguirem uma carreira esportiva. O próprio campo onde são feitos os testes de futebol poderia ser usado para avaliar as capacidades e aptidões das crianças para outras modalidades.

Mesmo aqueles que conseguem passar pelas primeiras peneiras, chegam a jogar em categorias de base e são dispensados depois de treinarem durante dois ou três anos nos clubes poderiam ser usados em outros esportes. Aqui, a vantagem seria aproveitar atletas que já contam com uma iniciação esportiva, com desenvolvimento físico e com experiência em competições e formá-los em modalidades que também se encaixariam.

Lembrando que, como o futebol é um esporte em que atuam atletas de vários biótipos, entre os dispensados temos vários perfis que serviriam em outros esportes. Por exemplo: podemos ter velocistas com grande resistência física que seriam aproveitados no atletismo, aqueles com altura elevada que seriam facilmente adaptados em outros esportes coletivos, e até alguns truculentos que poderiam ter sucesso nos diversos tipos de lutas.

Os dirigentes dos esportes olímpicos sempre reclamam que o futebol atrapalha o desenvolvimento de suas modalidades. Está na hora de eles usarem o futebol para descobrirem novos talentos.

Até a próxima!

Mais pitacos: @humbertoperon

DESTAQUE
Sempre que temos um festival de erros dos árbitros, como os que estão acontecendo no Campeonato Brasileiro, muito se fala que a solução para melhorar o nível de arbitragem seria a profissionalização dos juízes. Concordo que essa seria a melhor solução, pois os árbitros se dedicariam exclusivamente ao futebol e teriam mais tempo para se aprimorar técnica e fisicamente. Também poderiam ser mais cobrados. Mas essa é uma medida que dificilmente será tomada por motivos econômicos. Confederação, federações e clubes nunca vão querer arcar com os custos trabalhistas que a contratação de árbitros traria.

ERA PARA SER DESTAQUE
Considero a compra do goleiro Victor a melhor que o Atlético-MG fez na temporada. Finalmente, o time mineiro tem um arqueiro de ponta, que salva o time no momento que ele mais precisa. Desde que estreou no Atlético-MG, o goleiro, com defesas milagrosas, já garantiu alguns pontos na tabela de classificação, como no jogo contra o Fluminense.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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