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humberto luiz peron

 

16/08/2012 - 14h09

A seleção precisa de um 'dono'

Toda vez que a seleção brasileira esteve no fundo do poço --como nos últimos anos, em que só está dando vexame nas principais competições internacionais-- sempre surgiu uma pessoa, de pulso forte e personalidade, que assumiu o controle do selecionado e o fez sair de situações de crise e de descrédito.

E, aproveitando esses últimos dias, em que se tem se falado muito do nosso primeiro título mundial, na Suécia, em 1958, não custa lembrar que, para ganhar aquela Copa do Mundo, a seleção brasileira teve no comando Paulo Machado de Carvalho. Ele dirigiu um grupo de notáveis, inclusive jornalistas, montou um plano, rico em detalhes, que fez o Brasil se tornar um país vencedor.

Não é nenhum exagero dizer que ele foi o "dono" da seleção naquele mundial --também o fez na campanha do bi, em 1962. Apelidado de Marechal da Vitória, ele tinha a total confiança dos jogadores --sabia como poucos quais eram as reais necessidades de cada atleta entra em campo e mostrar o seu melhor-- e trabalhava muito bem nos bastidores.

Outro patrão que fez a seleção ganhar uma Copa do Mundo foi João Saldanha. Está certo que por vários motivos ele não comandou o Brasil na campanha do tricampeonato no México, mas conseguiu reconstruir o prestígio do time.

Quando João Saldanha assumiu o cargo, em 1969, nosso futebol vivia um momento de crise, após a pífia campanha na Copa de 1966 e uma excursão desastrosa à Europa em 1968.

Saldanha, logo tomou o comando, já deu sua cara ao time nos primeiros dias de trabalho, convocando e também anunciando a formação da equipe titular e seus reservas Também não teve dúvidas em chamar de "feras" os jogadores selecionados.

No Mundial de 1994, o "dono" da seleção era Zagallo. Ele foi o porta-voz daquela equipe. Com expressões exageradas de nacionalismo, ele conseguiu que o técnico Carlos Alberto Parreira e os jogadores tivessem tranquilidade para trabalhar. Toda vez que havia uma turbulência, Zagallo aparecia.

Para a campanha do penta, quem se tornou senhor foi Luiz Felipe Scolari. Ele pegou um time correndo sério risco de não se classificar para o Mundial, passou por vários problemas, ganhou a confiança incondicional dos jogadores --muitos deles que só ele próprio acreditou-- e levou o Brasil ao título na Copa de 2002 com uma trajetória perfeita: sete vitórias em sete jogos.

Por isso, penso que, para a reconstrução do nosso time para o Mundial de 2014, é preciso que Felipão tenha, outra vez, o papel de "dono" da seleção, mesmo que ele não seja o técnico sentado no banco.

Com Scolari como homem-forte da seleção, tenho certeza que acabariam algumas dúvidas que acompanham a seleção nos últimos anos, como a falta de experiência --e seriedade-- de quem comanda o time.

Tenho certeza que, com ele no comando, terminariam de vez as suspeitas de que a seleção se transformou num autêntico balcão de negócios, com convocações suspeitas e jogadores fechando contratos de transferência na concentração.

Com prestigio entre os jogadores, ele também faria muito bem a integração entre os jogadores veteranos --inclusive fazer com que nomes como Kaká se empenhem para jogar de novo com a camisa amarela-- e a nova e inexperiente geração.

Por fim, por estar tão ligado ao futebol brasileiro nos últimos anos, Scolari seria a pessoa que faria o elo entre a torcida brasileira e a seleção. Relação que nunca esteve tão fria quanto agora.

Que Scolari seja "dono" da seleção de 2014.

Até a próxima!

Mais pitacos em: @humbertoperon

DESTAQUE
Continua sendo o Atlético-MG o líder absoluto do Campeonato Brasileiro, com um espetacular aproveitamento de 81,2% após 16 partidas. Espero que não tenha mais ninguém pensando que o time mineiro é apenas um "cavalo-paraguaio", que vai perder o fôlego durante a competição.

ERA PARA SER DESTAQUE
Cabe aos grandes times paulistas o papel de coadjuvante nesta edição do Nacional. Corinthians e Palmeiras, já classificados para a Copa Libertadores de 2013, lutam para ficar no meio da tabela. Enquanto Santos e São Paulo, que perderam muitos pontos, nem devem brigar por um lugar no bloco de times que ainda aspiram uma vaga na próxima Libertadores.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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