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humberto luiz peron

 

05/09/2012 - 17h23

Esperar não é necessário

A mentalidade covarde que impera em nosso futebol atualmente pode ser resumida no excessivo uso do termo esperar. O que não combina com a essência do futebol, que é tomar a iniciativa do jogo, impor seu estilo no campo e dominar o adversário.

Aliás, é bom dizer que a cultura da espera já começa antes de a bola rolar, quando os técnicos fazem mistério e só revelam a escalação das equipes em cima da hora. E o pior é que essa espera forçada não causa nenhuma surpresa, pois os treinadores optam, na maioria das vezes, pela formação mais defensiva possível.

São poucos os técnicos que têm a ousadia de surpreender o oponente, a maioria sempre espera o que o rival vai fazer no gramado para, aí sim, tomar uma atitude. Como todos ficam esperando o que a equipe contrária vai fazer, cansamos de assistir a jogos em que os dois times ficam se estudando os 90 minutos e muito pouco acontece.

Pode reparar: nossos times só mudam a forma defensiva de jogar e arriscam algo quando levam um gol.

A prática da espera faz com que algumas equipes entrem em campo com a clara intenção de não jogar futebol em pelo menos 35 minutos de cada tempo. Pois, até os 20 minutos iniciais, elas se programam para não tomar um gol logo de saída e, depois da primeira meia-hora, é hora de administrar o jogo para não tomar um gol no final de cada etapa.

Nesse cenário de não se tomar nenhuma iniciativa, criou-se o mito de que é preciso ter cuidado na hora de se processar alguma substituição. No Brasil, dificilmente alguém tem coragem de mudar um jogador, por questões táticas, no início de um jogo e muito menos antes dos 15 minutos do segundo tempo.

Como nossos times ficam sempre aguardando o que o adversário vai fazer, as partidas se tornam extremamente previsíveis. O roteiro é sempre o mesmo. A equipe da casa sai pressionando até fazer um gol. Depois, em vantagem, vai recuar esperando a pressão do adversário, e tentar fazer um gol no contra-ataque para decidir o jogo. Raramente temos uma equipe que continue martelando o adversário depois de conseguir a vantagem no placar.

Na letargia em que vive nosso futebol, é esperado que sempre surja um gol nas jogadas de bola parada e que saia aquele jogador do banco e faça um gol salvador.

No futebol, como na vida, quem espera muito e não toma nenhuma iniciativa corre o risco de perder várias oportunidades de vencer ou, o que pode ser pior, nunca sair do mesmo lugar. Tem mais chances de ganhar aquele que sempre se antecipa e surpreende seus concorrentes.

Até a próxima!

Mais pitacos: @humbertoperon

DESTAQUE

Pouco vale os amistosos da seleção brasileira contra times de segundo escalão, como África do Sul e China. São partidas que mascaram a situação do time e, geralmente, acabam dando lugar cativo na equipe a jogadores que não têm condições de ser titulares do Brasil em uma Copa do Mundo. Como não haverá jogos oficiais até a Copa das Confederações, seria fundamental que o nosso time jogasse contra seleções fortes --aliás, não custa nada lembrar que, quando enfrentamos equipes mais qualificadas, o Brasil vem perdendo sempre.

ERA PARA SER DESTAQUE

Cada vez mais me convenço de que o acerto dos auxiliares em lances cruciais de impedimento é mais uma questão de sorte do que de competência. Além da dificuldade de acompanhar as jogadas, os bandeirinhas estão preocupados com outras coisas --como marcar faltas e trocar ofensas com os treinadores-- que os fazem não ter atenção total naquilo que é o mais importante na função deles. Desatentos, eles marcam muitos impedimentos no reflexo, ou seja, levantam a bandeira ao ver um jogador surgir sozinho na cara do goleiro e cometem erros primários, como anotar um fora de jogo de um jogador que recebeu a bola numa cobrança de lateral.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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