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humberto luiz peron
Cavalieri é o craque do Brasileiro-2012
DE SÃO PAULO
Parabéns, Fluminense!
Ninguém pode discordar de que o time carioca foi o melhor do Brasileiro-2012 e que por isso mereceu ficar com a taça. Somente uma equipe muito boa consegue vencer um torneio tão equilibrado com três rodadas de antecedência, com um aproveitamento excelente, melhor ataque, melhor defesa, maior número de vitórias...
Também é preciso dizer que o time carioca venceu o Nacional sendo perseguido por duas equipes, Atlético-MG e Grêmio, que têm aproveitamento de pontos superior a times que venceram o torneio recentemente, o que aumenta ainda mais o feito do Fluminense
Agora, com o título já decidido, chegou o momento de discutir qual o grande jogador do Campeonato Brasileiro. Afirmo categoricamente que o nome do torneio foi o goleiro Diego Cavalieri. Ele foi muito mais importante que o centroavante Fred para a campanha da equipe.
Não sei por que a maioria pensa que é um absurdo que um goleiro possa ser eleito o melhor jogador de uma competição. Quem raciocina dessa forma tem três conceitos arcaicos para analisar futebol.
O primeiro é uma predisposição em achar que quem joga sob as traves representa o futebol defensivo, pois eles "só" têm a missão de evitar gols, a maior alegria do esporte. Outro é que os arqueiros só podem ser considerados os culpados pelas derrotas e nada mais do que isso. Ainda existe a ideia equivocada de que um jogo só é bom quando tem vários tentos, por isso sempre escolhem como destaque aqueles jogadores que conseguiram, muitas vezes sem querer ou errando um chute, balançar as redes.
Diego Cavalieri é o melhor jogador do Brasileiro porque fez, durante o torneio, o que se espera de um craque: que é decidir o maior número de partidas com seu talento.
Foram várias oportunidades em que o goleiro evitou, com autênticos milagres, que o Fluminense tomasse um tento, quando o placar ainda estava em 0 a 0 e a equipe conseguiu sair com a vitória. Para quem venceu vários jogos por apenas um gol de diferença, Cavalieri não deixou que o empate acontecesse e sua equipe perdesse dois pontos.
Um exemplo disso aconteceu no jogo que garantiu o título, contra o Palmeiras. O guardião fez uma defesa monstruosa --aliás, um goleiro só pode ser considerado um fora de série quando consegue defender bolas que todos consideram impossíveis-- como em chute à queima-roupa de Maurício Ramos, evitou que o time paulista virasse a partida.
Para aqueles que só conseguem ver o futebol pelos números, além de comandar a defesa menos vazada do torneio, Cavalieri é o goleiro mais acionado da competição. Ou seja, ele não contou com um sistema defensivo sólido à sua frente e, por isso, teve de trabalhar muito. Em outras palavras, o atacante Fred obteve muito mais a ajuda de seus companheiros para fazer gols no torneio do que Cavalieri da sua linha de defesa.
Para finalizar, também é preciso dizer que a maioria dos gols que Fred fez no torneio qualquer centroavante mediano marcaria da mesma forma - a história do Campeonato Brasileiro está recheada de pernas-de-pau que foram artilheiros máximos da competição -, mas Cavalieri fez defesas que nenhum goleiro brasileiro atual conseguiria fazer.
Até a próxima!
Mais pitacos em: @humbertoperon
DESTAQUE
Com o título do Brasileiro decidido, as atenções das últimas rodadas do torneio estarão voltadas para as equipes que lutam para escapar do descenso. Com Atlético-GO e Figueirense já rebaixados e o Palmeiras que só se salva por um milagre, a luta para escapar da queda vai ser grande entre Sport, Bahia e Portuguesa.
ERA PARA SER DESTAQUE
Não se pode culpar a fórmula de pontos corridos pelo Fluminense já ter conseguido o título com três rodadas de antecipação. Injustiça seria se o time que fez uma campanha irrepreensível perdesse o campeonato num único jogo eliminatório para um time que tivesse feito 25 pontos a menos em 38 rodadas. Para aqueles que adoram "mata-mata", é preciso lembrar que ainda temos a Copa do Brasil, a Copa Libertadores, a Copa Sul-Americana e os Estaduais.
Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.
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