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humberto luiz peron

 

27/11/2012 - 13h33

Chega de interinos na seleção

DE SÃO PAULO

Talvez eu seja um dos poucos a concordar com a demissão de Mano Menezes do cargo de treinador da seleção brasileira. Desde que ele assumiu o posto, sempre tive a sensação de que Mano Menezes não passava de apenas um interino esquentando o lugar para o outro assumir.

Essa impressão também era compartilhada pela CBF - na velha e na nova direção -, que nunca fez questão de esconder. Ricardo Teixeira deixou bem claro que sua opção principal para assumir o cargo, após a Copa de 2010, era Muricy Ramalho, que foi convidado para uma reunião, que se tornou pública - o técnico só não passou a treinar a seleção porque deixou o Fluminense decidir o seu destino. Mano Menezes então surgiu como uma alternativa, ou como muitos gostam de chamar de "plano b".

Por isso, o discurso do treinador sempre esteve afinado com a direção da CBF. Tanto que, para sua estreia, ele seguiu o pedido de renovação feito pelo então presidente Ricardo Teixeira, ainda na África do Sul, logo após a derrota do Brasil para a Holanda, na última Copa do Mundo.

Sempre tentando agradar a cúpula, o ex-treinador da seleção logo começou a convocar Ronaldinho, dizendo que tinha um plano especial para o jogador, que vivia um mau momento. Mano Menezes também não se recusou a dividir seu trabalho entre a seleção principal e a olímpica - o que atrapalhou ambos os times.

Já com o novo comando da CBF, o treinador tinha de conviver, a cada jogo, com a ameaça da demissão. Também não conseguiu conter o vazamento de informações de que o presidente José Maria Marín gostaria de ver a lista de convocados antes de ela ser anunciada. Lógico que essas e outras insinuações ao seu trabalho, como no caso de alguns atletas chamados, aconteceram porque Mano nunca conseguiu estar à altura do que se espera de um técnico da seleção brasileira.

Também não concordo com aqueles que afirmam que Mano Menezes foi dispensado na ocasião que vivia seu melhor momento no cargo. Realmente ele conseguiu, após a derrota na final Olímpica, fazer o time dar goleadas contra China, Iraque e Japão, mas, no encontro com um time intermediário, como a Colômbia, a seleção não venceu.

Não acho que Mano Menezes seja um mau técnico, apenas que ele não tinha condições de assumir a seleção. O mesmo aconteceu com o treinador anterior, o péssimo Dunga, que pensa que o futebol se resume a palavras como guerra, comprometimento e determinação. O ex-volante foi outro interino, colocado no cargo para fazer o trabalho sujo de tirar da seleção alguns jogadores - coisa que Ricardo Teixeira jamais faria - e deveria deixar o cargo, para que outro treinador assumisse a seleção para a Copa de 2010.

Só que Dunga balançou, esteve várias vezes perto de ser despedido, mas conseguiu classificar o time para a Copa do África e ganhou alguns títulos e a direção da entidade não teve como demiti-lo.

Não me espanta o fato de o Brasil ter perdido tanto prestígio nos últimos anos. Podemos não ter mais os grandes craques que já tivemos, mas a nossa seleção passou os últimos seis anos nas mãos de interinos.

Foi nos momentos de baixa da nossa seleção que historicamente sempre apareceu alguém de personalidade - e competência - para tomar conta do nosso time. Missão que Mano Menezes nunca conseguira realizar, mas que Luiz Felipe Scolari teria todas as condições de fazer, inclusive montar um time capaz de ganhar a Copa do Mundo de 2014 - em agosto publiquei um texto neste espaço chamado "A seleção precisa de um 'dono'" (http://folha.com/no1138286) que comenta sobre isso.

Esqueça o sonho de ter o espanhol Guardiola como o técnico da seleção, seria uma ideia muito avançada para a mentalidade dos dirigentes da CBF, e infelizmente nomes como Tite, Muricy Ramalho e Abel Braga, cotados também para o cargo, também ainda não têm condições de assumirem realmente o cargo de técnico da seleção e têm o mesmo perfil de interinos como Dunga e Mano Menezes.

Até a próxima!

Mais pitacos em: @humbertoperon

DESTAQUE

Não acho que deve estar na Série A do futebol brasileiro apenas as equipes que têm maiores torcidas ou que levam mais públicos aos estádios. Espero que estejam na elite aqueles times que conseguem bons resultados em campo. Aliás, a questão da pouca presença da torcida no estádio só prejudica os clubes com menos apelo popular, já que eles vão arrecadar menos com bilheteria (a renda dos jogos é dos mandantes), cotas de patrocínio e direitos de TV.

ERA PARA SER DESTAQUE

A luta pelo vice-campeonato do Brasileiro, com Grêmio e Atlético-MG lutando para ficar com o sempre desprezado segundo lugar para garantir uma vaga direta na fase de grupos da próxima Copa Libertadores.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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