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humberto luiz peron

 

04/12/2012 - 16h28

Será que ainda gostamos de futebol?

DE SÃO PAULO

Tenho várias dúvidas se o brasileiro ainda tem tanto apreço pelo futebol como antes. Cada vez mais, o torcedor --ou melhor, o fanático-- gosta muito mais de seu clube do que do esporte em si. O que tem valor mesmo é a vitória de seu time, não importando como ela seja conquistada. Para alguns, quanto mais sofrido for o triunfo, mais saborosa é a glória.

Tenho certeza que esse pensamento, compartilhado por vários torcedores, já chegou aos gramados. Atualmente, nosso futebol exige muito mais que o atleta tenha determinação, garra e comprometimento do que técnica. Isso é fácil perceber quando, nos estádios, um time está perdendo e os torcedores pedem que os jogadores tenham garra e corram atrás do adversário, quando o certo seria pedir que a equipe melhorasse seu comportamento técnico e posicionamento tático.

Não entendo por que, hoje, a maioria dos torcedores brasileiros adora aplaudir carrinhos e chutões desnecessários para a lateral, mas qualquer tentativa de um jogador de melhorar tecnicamente uma jogada é repreendida.

Pode reparar, quando um jogador segura a bola para cadenciar o ritmo da partida, ele já é chamado de lento e ultrapassado. Da mesma forma, quando algum atleta ousa dar um drible, logo é rotulado de "fominha" --aliás, com a qualidade sofrível dos treinadores das equipes de base, em pouco tempo, não teremos mais jogadores que saibam aplicar uma finta, pois esses "professores" adoram repreender os meninos que tentam jogadas de efeito já no início de suas carreiras.

Os melhores jogadores sempre foram os mais cobrados, mas hoje é impressionante como se questionam os atletas com mais capacidades técnicas. Muitos parecem torcer para que nomes como Neymar e Messi atuem mal. É incrível a quantidade de pessoas que tentam desqualificar esses jogadores.

Se eles jogam bem, e marcam belos gols, é porque os times adversários são muito fracos e só brilham em jogos sem importância. Se eles perdem uma chance clara de gol, já começam os comentários de que eles não sabem chutar ao gol, não sabem cabecear... Fora o já tradicional: ele joga muito bem no clube, mas não é jogador de seleção.

O brasileiro não gosta mais de futebol também porque ele adora torcer contra os times que jogam de maneira ofensiva e que sobressaia tecnicamente. Infelizmente o conceito de que não se pode jogar bonito e ganhar está arraigado. Por isso, as pessoas adoram quando uma equipe "revolucionária" perde. Tenho certeza que o torcedor vibra quando um time como o Barcelona sofre um tropeço.

Nosso futebol só voltará a ser forte quando o brasileiro voltar a gostar de ver uma partida bem jogada, valorizar os verdadeiros talentos e tomar vergonha em aplaudir os medíocres. Agora, infelizmente, temos adoração por uma modalidade que tem 22 jogadores espalhados em campo, mas que pode ser qualquer esporte, menos futebol - modalidade que sempre fomos mestres.

Até a próxima!

Mais pitacos em: @humbertoperon

DESTAQUE
Para a dupla Corinthians e São Paulo, que ainda brigam por títulos importantes no final da temporada. A equipe do Morumbi é favorita para ganhar a Copa Sul-Americana contra o modesto Tigre (Argentina). Um título internacional que vai fazer bem para o clube e ainda vai servir de estímulo para a campanha da equipe na próxima Copa Libertadores. Já o Corinthians, embarca para o Japão com chances reais de conquistar o Mundial, pois tem uma equipe muito bem montada e deve pegar na final o Chelsea que vive um momento muito ruim.

ERA PARA SER DESTAQUE
Com a eleição de Eduardo Bandeira de Mello, surge mais uma esperança para que, finalmente, o Flamengo possa ser bem administrado e volte a figurar entre os melhores de nosso futebol.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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