Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Lula e Bolsonaro abraçam o negacionismo

Cada um a seu modo, ambos descartam a ciência caso fira seus interesses

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Se você quer deixar um petista bravo, basta dizer que Lula e Bolsonaro têm algo em comum. Mas não é porque petistas ficam irritados que qualquer comparação se torna automaticamente falsa. Como observou Fabiano Lana em coluna em O Estado de S.Paulo, os dois políticos abraçam, cada um à sua maneira, o negacionismo. Ambos são rápidos em descartar o saber acumulado pela humanidade, a popular ciência, quando acham que seus ensinamentos contrariam seus interesses.

Durante a pandemia, Bolsonaro desestimulou o remédio para o qual havia evidências científicas favoráveis, as vacinas, e insistiu em terapias que já haviam sido descartadas como ineficazes por ensaios clínicos, a cloroquina e a ivermectina. Tal atitude contribuiu para a morte de milhares de brasileiros.

Lula não é uma ameaça à saúde pública, mas flerta com um tipo de negacionismo econômico que também faz vítimas.

É verdade que estamos discutindo ramos do saber com diferentes estatutos epistemológicos. A macroeconomia tem mais zonas cinzentas do que ensaios clínicos de fármacos. Há correntes econômicas (bem minoritárias, diga-se) que sustentam que a dívida pública não é um problema. Eu não saberia dizer se essas teorias têm méritos acadêmicos, mas, qualquer que seja a resposta, elas colapsam quando o ambiente é de desconfiança em relação ao governo.

Nessas situações, sinais (reais ou imaginários) de que o governo não manterá disciplina fiscal resultam em aumento do juro longo e desvalorização do câmbio. Daí à inflação é um passinho. E Lula tem sido pródigo em emitir sinais de que não se deixará disciplinar. Vamos ver se agora, por pensamento estratégico, para não atrapalhar seu próprio governo, ele segura a língua.

A sensação que se tem é que, entre a razão e a vontade de ter razão, tanto Lula como Bolsonaro dão preferência à última, mesmo que isso tenha um alto custo, em vidas ou pontos percentuais de inflação.

helio@uol.com.br

Lula, Haddad e Campos Neto em encontro do G20 em Brasília - Adriano Machado - 13.dez.23/Reuters

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